O departamento jurídico do Cruzeiro tem uma importante missão a partir desta quarta-feira (7), quando acontecerá a primeira assembleia para a votação do plano de recuperação judicial apresentado à Justiça: aprovar a proposta. No dia 15 de dezembro está previsto o segundo encontro, quando haverá a definição do tema. As reuniões serão virtuais.
“O Cruzeiro está muito confiante que vai aprovar (plano de recuperação judicial), porque não é um plano que nós tiramos do nada. O plano foi estudado pelos assessores financeiros e é adequado, razoável”, garantiu o advogado Daniel Vilas Boas, um dos responsáveis pela recuperação judicial cruzeirense.
No entanto, se a expectativa do clube é positiva no que diz respeito à aprovação do plano de recuperação judicial, há quem conteste efusivamente a proposta.
“Como advogado de vários credores que têm crédito na recuperação judicial (RJ) do Cruzeiro, estou muito preocupado com o que vai acontecer após terminar essa assembleia. Por que, muitas irregularidades estão praticadas neste momento. O Cruzeiro não tem interesse em fazer acordo com os credores trabalhistas. Ele quer impor a vontade dele. (O clube) Fez acordo com grandes credores como empresários e bancos, mas querem impor uma votação com pessoas que sequer têm direito a voto, que são pessoas que vão receber o crédito integral, e isso é ilegal. Se o plano for aprovado, vai começar uma enxurrada de recursos”, garante o advogado Fábio Cruz, um forte contestador da RJ cruzeirense.
Fábio Cruz é um dos advogados que denunciou supostas irregularidades na RJ do Cruzeiro ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que pediu à Justiça para suspender o encontro marcado pelo clube para discutir o plano de pagamento com os credores.
Apesar do pedido, a juíza Claudia Helena Batista, da 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte, negou o pedido da liminar. O que acabou causando indignação em outros advogados.
“Há Ilegalidades que a juíza não quer reconhecer, e uma ação do MPMG pedindo a suspensão dessas assembleias. A juíza manteve para o dia 7 (de dezembro, a primeira assembleia), e o clube quer aprovar na marra um plano de pagamento com deságio de 75%. O Cruzeiro contratou até uma empresa para assediar credores com propostas de acordo, no intuito de esvaziar essa assembleia”, criticou um advogado que pediu anonimato.
Sobre esse deságio, quem afirmou publicamente que não aceitará a proposta é o técnico Mano Menezes, atual comandante do Internacional, e que trabalhou no clube em 2015, e entre 2016 e 2019.
"(O Cruzeiro me deve) Todos os reais. Todos. Não tem acerto. Nesta semana agora vai ter uma assembleia para votar se aceita o absurdo do deságio de 75% para pagar todos os credores que precisam receber o dinheiro. 75% de deságio”, questionou Mano Menezes, em entrevista ao SBT Sports.
“Não, eu acredito que ninguém vai aceitar”, completou Mano, sobre o acordo proposto pelo clube.
Lado do Cruzeiro
Na semana passada, em um encontro virtual com jornalistas, o advogado Daniel Vilas Boas garantiu lisura no processo e respeito aos credores.
“O credor não é tratado de maneira indigna, mas é claro que ele tem que dar desconto e prazo. É uma chance que o credor tem de receber o seu crédito, e o Cruzeiro conseguir honrar, porque pior coisa que tem é prometer e não cumprir”, explicou o advogado.
Sobre as denúncias do grupo de advogados que representa credores, o Cruzeiro ainda não se manifestou oficialmente. A reportagem atualizará o texto assim que a resposta do clube celeste for enviada à Itatiaia.