Ouvindo...

Maurício Kubrusly, que se lembra apenas da esposa, reage ao ouvir Gilberto Gil ler sua reportagem

Em documentário, esposa de Maurício Kubrusly disse que o ex-repórter do Fantástico reconhece apenas ela

Maurício Kubrusly revê Gilberto Gil em documentário

Ex-repórter do Fantástico, Maurício Kubrusly, de 79 anos, que foi diagnosticado com demência frontotemporal (DFT) - mesma doença de Bruce Willis -, terá sua história contada em um documentário do Globoplay. Um trecho do conteúdo foi exibido no programa da TV Globo na noite desse domingo (1ª).

Nele, sua esposa, Bia, que está o lado dele há mais de 20 anos, conta que o jornalista apenas se lembra dela. “A única pessoa que ele sabe o nome é o meu, né? Ele sempre fica me chamando, quer entender, quer estar junto. Mas continua gostando de todo mundo, assim, como se fosse apresentado novamente a uma pessoa que ele conheceu há 30 anos”, conta.

Em outro trecho é exibido o encontro de Kubrusly, que tem forte conexão com a música, com Gilberto Gil. O cantor narra o trecho de uma reportagem dele, e o eterno repórter fica surpreso. “Você que escreveu isso”, diz Gil.

Leia também

“Oha, mas não fui eu”, afirma Kubrusly. “Não foi você, mas foi você", brinca Gil. "É isso”, responde o repórter.

Outro momento marcante mostra Kubrusly refletindo sobre o que foi feito ao longo da vida, mesmo sem se recordar. “Fiz muita coisa na vida”, diz ele, e sua esposa confirma. “Fez muita coisa.”

“Kubrusly: mistério sempre há de pintar por aí" será lançado na próxima quarta-feira (4) no streaming e mergulha na vida do repórter, que viajou por todos os estados do país e gravou quase 300 reportagens apenas para o “Me Leva Brasil.”

Demência Frontotemporal (DFT)

Paulo Caramelli, especialista em cognição e professor da UFMG, explicou que a DFT é a segunda causa de demência degenerativa mais frequente com início antes dos 65. A doença se dá pelo acúmulo de “proteínas anormais no cérebro”.

Conforme o médico, existem duas características ou duas formas de apresentação clínica da doença. Sendo elas: variante comportamental e variante de linguagem. Na primeira apresentação, o paciente, fundamentalmente, tem alterações de comportamento. De acordo com Caramelli, elas “vão desde apatia ou desinibição, alterações de hábitos alimentares, como preferência por doces, a apresentação de algum tipo de compulsão”.

“São alterações basicamente de comportamento e, em geral, a memória se encontra relativamente preservada pelo menos nas fases iniciais, sobretudo, quando você compara com pessoas com doença de Alzheimer. Na maior parte dos casos de Demência Frontotemporal - variante comportamental - a memória não é tão afetada no início e é por isso, por exemplo, que essas pessoas não têm dificuldades de localização espacial. A memória, principalmente essa para trajetos conhecidos, ela segue preservada”, esclarece.

A outra variante é a de linguagem. “A linguagem é a alteração clínica inicial, menos comportamento e também menos memória. De toda forma, são apresentações clínicas que evoluem de forma progressiva e, em fases mais avançadas, fica muito difícil você diferenciá-las. Em geral, a memória não é alterada precocemente ou no início do quadro”, destaca o médico.


Participe dos canais da Itatiaia:

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.