“CROMO”, último poema escrito por Affonso Ávila (1928-2012), ganha forma em um livro-objeto que será lançado nesta quarta-feira (14) em Belo Horizonte.
Ávila o escreveu no hospital, nos últimos dias de vida, em 2012, e pedia para a filha lê-lo em voz alta. A publicação póstuma é uma homenagem à obra do poeta, uma das vozes mais notáveis de sua geração.
O livro será lançado pela editora SQN Biblioteca na quarta-feira, 14 de agosto, às 19h, na livraria Quixote, como parte da programação do “Colóquio Affonso Ávila”, evento organizado na UFMG pelos professores Gabriela Sá e Gustavo Silveira Ribeiro.
Editado como um livro-sanfona, que se desdobra como o tempo, um dos temas preferidos de Ávila, o volume tem produção artesanal e foi impresso em serigrafia. O verso “sem cor e sem relevo”, se repete ao longo do poema, “contrasta com o amarelo opaco da capa — referência ao “acetinado amarillo” do verso do poeta espanhol Rafael Albert — de maneira a produzir um efeito cromado”, explica Preto Matheus, editor responsável pelo projeto gráfico.
“CROMO” atravessa questões do registro, da antiguidade às mídias sociais. O poema também abacar os efeitos do tempo no corpo e seu desgaste, como o paciente que acusa a proximidade da morte. Miguel Javaral, neto do poeta e um dos editores da SQN Biblioteca, analisa como o poeta permanece vivo em seu escrito.
“Morte aqui não significa desaparecimento. O poeta se vai, nos deixa, porém, seus traços, como esse poema tão profundamente pessoal no qual, em uma dessas antíteses barrocas que caracterizam a sua poesia, em nenhum momento aparece a palavra ‘eu’. Mas que me faz lembrar a cada momento do meu avó, da alegria quase juvenil com que às vezes me mostrava, já perto do fim da vida, um poema recém-escrito.”
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O poeta
Ávila começou a publicar nos anos 1950, e escreveu mais de 20 livros de poesia. A maioria está no volume que reúne sua obra, “Homem ao termo”, publicada pela Editora UFMG em 2008. Contribuiu em vários projetos relacionados à preservação das cidades históricas mineiras, incluindo o processo que garantiu a Ouro Preto o título de Patrimônio Mundial da Unesco. Em 1991, recebeu o Prêmio Jabuti de poesia pelo livro O visto e o imaginado, e em 2007, por Cantigas do Falso Alfonso El Sabio.
Foi parceiro de vida e de poesia de Laís Corrêa de Araujo, poeta e crítica literária, desde o momento em que se conheceram, no início dos anos 1950, até o falecimento dela em 2006.
Serviço:
Lançamento do livro “CROMO”, de Affonso Ávila (1928-2012)
Data: 14 de agosto de 2024, quarta-feira, 19:00
Local: Quixote Livraria e Café – Rua Fernandes Tourinho, 274, bairro Savassi, Belo Horizonte