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11 de Setembro: web relembra Plantão da Globo sobre o atentado; saiba o que é verdade ou mentira

Atentado contra as torres gêmeas completa 22 anos e programação interrompida na emissora ainda é motivo de dúvida para internautas

Internautas relembram exibição interrompida de Dragon Ball Z

O atentado contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, e o Pentágono, em Washington, nos Estados Unidos, completa 22 anos nesta segunda-feira (11). Entre brasileiros, a data é marcada por uma discussão, não sobre terrorismo, mas sobre a programação interrompida pelo Plantão da Globo.

O primeiro avião atingiu a torre norte às 8h46 e o segundo ataque aconteceu às 9h03 da manhã no horário local. Às 9h37, o terceiro avião atingiu uma das laterais do Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Outra aeronave sequestrada caiu na Pensilvânia às 10h03 após um conflito entre passageiros e terroristas.

Internautas defendem que o plantão noticiando os atentados teria interrompido o desenho “Dragon Ball Z” e até relembram o capítulo exibido na data. Segundo as memórias compartilhadas nas redes sociais, seria o episódio 245 do desenho, quando Goku se torna Super Sayajin nível 3. Apesar dos detalhes, a programação da data desmente as recordações que acabam sendo encaixadas no “Efeito Mandela”.

Considerando o fuso-horário, os ataques aconteceram, no horário de Brasília, às 9h46, 10h03, 10h37 e 11h03, respectivamente. A programação da Globo foi interrompida às 9h57, quando a atração exibida “Mickey e Donald”, parte do programa “Bambuluá", que ficava no ar a partir das 9h20. Após o plantão, a programação foi completamente interrompida para cobertura dos atentados.

“Dragon Ball Z” também fazia parte da grade de “Bambuluá", mas só entrava no ar por volta de 11h15. O episódio que seria exibido na data era, na verdade, o de número 237, intitulado “Vegeta luta por seus entes queridos”. À época, a programação da Globo neste horário era a mesma em todos os estados, o que impede que o programa tenha sido exibido no Brasil em 11 de setembro de 2021.

O que é o Efeito Mandela?

Lembranças coletivas de coisas que não aconteceram são definidas como “Efeito Mandela”. A expressão, criada em 2009 pela pesquisadora paranormal Fiona Broome, remete a memória que ela e outras pessoas compartilhavam sobre a morte do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela. O político morreu em 2013, mas Broome e muitas outras pessoas têm “memórias” de que o político teria morrido na década de 1980, quando estava preso.

O psiquiatra e psicoterapeuta cognitivo comportamental, Rodrigo Barreto Huguet, explicou do que se trata o fenômeno. “São falsas memórias. As pessoas se lembrarem de algumas coisas como se fosse verdade e não ser”, destacou o fundador do serviço de psiquiatria de ligação da rede Mater Dei. “A forma de entendermos, de compreendermos as coisas é uma forma possível, mas não é única”, acrescentou.

Membro da diretoria da Associação Mineira de Psiquiatria, ele justificou o fenômeno com base na terapia cognitiva comportamental. “Navegamos pelo mundo por um mapa mental, que nem sempre é preciso. Tem gente que pensa que o que pensa é um fato, não entende que o pensamento pode ser fato ou não. O que o Efeito Mandela traz é que a gente deve desconfiar das nossas certezas. Ver os nossos pensamentos como possibilidades, hipóteses, não como certezas”, concluiu o especialista.

Maria Clara Lacerda é jornalista formada pela PUC Minas e apaixonada por contar histórias. Na Rádio de Minas desde 2021, é repórter de entretenimento, com foco em cultura pop e gastronomia.