Cantor, compositor e instrumentista cubano, Pablo Milanés nasceu no dia 24 de fevereiro de 1943, e morreu no último dia 22 de novembro, em Madri, na Espanha, aos 79 anos, em decorrência de um câncer. Integrante do Grupo de Experimentação Sonora, Milanés se tornou um dos artífices do movimento que ficou conhecido como Nova Trova Cubana e, no Brasil, chegou a se apresentar ao lado de Chico Buarque e Milton Nascimento, se tornando admirado em países vizinhos por nomes como Fagner, Mercedes Sosa e Diana Pequeno. Coube a Simone dar voz à sua canção mais famosa no Brasil: a bela “Iolanda”.
“Los Caminos” (canção cubana, 1972) – Diana Pequeno
Baiana de Salvador, a cantora Diana Pequeno foi criada no bairro de Nazaré, e lançou o primeiro disco em 1978. Ali, ela já demonstrava o espírito desbravador e inquieto como intérprete, ao apresentar ao público brasileiro a comovente canção cubana “Los Caminos”, de Pablo Milanés, lançada pelo compositor em 1972. Pouco a pouco, Milanés se tornaria uma presença cada vez mais forte na música popular brasileira, angariando a admiração de nomes como Chico Buarque, Milton Nascimento e Fagner, além de ganhar as vozes de cantoras como Simone e Mercedes Sosa. Mas a Diana Pequeno cabe esse pioneirismo.
“Cancion por La Unidad Latinoamericana” (canção cubana, 1978) – Pablo Milanés em versão de Chico Buarque
Depois do sucesso retumbante do LP “Clube da Esquina”, em 1972, Milton Nascimento retomou o projeto em forma de álbum com o “Clube da Esquina II”, lançado em 1978 e reunindo a habitual turma de colaboradores, como Lô Borges, Beto Guedes, Toninho Horta, Wagner Tiso, Nelson Angelo, Fernando Brant, Márcio Borges e Ronaldo Bastos. Entre as canções dos mineiros e seus agregados, se destaca a “Cancion por La Unidade Latinoamericana”, composta pelo cubano Pablo Milanés, de pegada iminentemente política, e que ganha uma versão em português feita por Chico Buarque ao longo da letra bilíngue. A parceria de Chico com Milanés se estenderia na década seguinte com sucesso.
“Años” (canção cubana, 1978) – Pablo Milanés
A parceria entre Fagner e Ferreira Gullar partiu do cearense que, em 1981, musicou o poema “Traduzir-se”, do maranhense, com que batizou o seu disco daquele ano. A música ganhou um dueto, também em 1981, entre Nara Leão e Fagner, no disco “Romance Popular”, da cantora, em que ela dava voz a compositores nordestinos. Em 1998, outro dueto, desta vez entre Fagner e Chico Buarque. No LP “Traduzir-se”, Fagner gravou com a diva argentina Mercedes Sosa a canção “Años”, preciosidade da lavra do cubano Pablo Milanés. E a presença do compositor se tornava cada vez mais efetiva na MPB.
“Iolanda” (canção, 1984) – Pablo Milanés em versão de Chico Buarque
A tentação de estabelecer relações diretas entre o entorno e a obra só não pode cair na esparrela de perder de vista o primordial. Se o próprio Chico Buarque calhou de encontrar anacronismo em algumas de suas composições – e agora revê este ponto de vista quando as traz novamente à baila, certamente influenciado pelo cotidiano –, a observação mais atenta percebe nelas um sentido, acima de tudo, humano. A versão feita por Chico para a balada “Iolanda”, de Pablo Milanés, abriu espaço para o lado romântico e a gama de personagens que sua lírica foi capaz de criar nessas décadas. A versão lançada pela cantora Simone, em 1984, se transformou em sucesso atemporal.
“Como Se Fosse a Primavera” (canção cubana, 1984) – Pablo Milanés e Nicolás Guillén
Se a história da música popular brasileira possui uma linhagem, nela não pode faltar o nome de Chico Buarque de Hollanda. Filho do historiador Sérgio Buarque – e irmão das também cantoras Miúcha, Cristina Buarque e Ana de Hollanda –, o garoto prodígio da canção nacional, como era de se esperar, começou cedo.
Enfileirou sucessos desde o princípio da carreira, nos anos 1960, auge da bossa nova, passando por vários ritmos, gêneros e inclusive movimentos musicais, alinhavando parcerias com nomes como o poeta Vinicius de Moraes, o maestro Tom Jobim, o dramaturgo Ruy Guerra e o tropicalista Gilberto Gil, além de outros compositores de peso, tais como Milton Nascimento, Francis Hime e Edu Lobo.
Em 1984, Chico gravou a canção cubana – meio mambo meio rumba –, “Como Se Fosse a Primavera”, do poeta Nicolás Guillén com Pablo Milanés, e de quem já havia gravado o hit “Yolanda”.