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Erasmo Carlos na voz delas: Relembre sucessos gravados por cantoras

Um dos maiores compositores da música brasileira, ele teve o privilégio de ser interpretado por Elis, Nara, Bethânia e Cássia Eller

Erasmo Carlos ao lado da esposa Narinha, com quem ele compôs a música ‘Mulher

Erasmo Carlos também teve o privilégio de, ao longo de sua carreira, ser gravado pelas maiores cantoras da música brasileira. Não teve uma voz exuberante que ficasse imune a seu repertório: de Elis Regina a Gal Costa, passando por Maria Bethânia, Nara Leão e Cássia Eller, todas se dedicaram a interpretar as dores de amores de um dos maiores compositores da canção popular, ás vezes com melancolia, outras até com dose extra de explosão. Certo é que Erasmo cravou sua flecha no coração das cantoras, como cupido...

“Nasci para Chorar” (rock, 1964) – Dion DiMucci em versão de Erasmo Carlos

Em 1984, o compositor norte-americano John Hartford acusou e processou o Rei da música brasileira por plagiar a canção “Gentle On My Mind”, sob o nome de “O Caminhoneiro”. Roberto Carlos admitiu que se tratava de uma versão em português feita para o especial de fim de ano da Rede Globo, e passou a creditar o nome de John Hartford.

O crítico musical José Teles aponta outro caso em que Roberto e Erasmo Carlos gravaram uma versão sem darem os devidos créditos. “É Proibido Fumar”, lançada pela dupla em 1964, repete os acordes e a melodia de “Lo Nuestro Termino”, do Dúo Dinámico, dupla espanhola que fez muito sucesso na década de 1960. No mesmo álbum que trazia o hit, Erasmo assinava versão de “Nasci para Chorar”, rock de Dion DiMucci regravado por Cássia Eller.

“Quero Que Vá Tudo Pro Inferno” (rock, 1965) – Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Nara Leão foi a primeira artista a dedicar um álbum inteiro à obra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, quando artistas da MPB torciam o nariz para a dupla da Jovem Guarda. O que Nara não esperava é que depois ela teria problemas com isso. Batizado de “…E Que Tudo Mais Vá Pro Inferno”, verso retirado de “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”, rock de Roberto e Erasmo que se tornou o maior sucesso de 1965, o disco teve o título censurado pelo Rei, que passou a renegar a música por conta de sua conversão religiosa, que se tornou cada vez mais fanática. O disco de Nara fez tanto sucesso que teve até uma versão em castelhano, lançada no mercado latino. Apesar das polêmicas, ficou na história.

“Gatinha Manhosa” (balada, 1965) – Roberto Carlos e Erasmo Carlos

A dupla formada por Roberto Carlos e Erasmo Carlos enveredou por um caminho mais sentimental e através de metáforas para abordar a relação com os animais de estimação. No auge da Jovem Guarda, em 1965, os dois criaram uma das mais românticas e sensíveis canções do gênero, em que o adjetivo para se referir à protagonista se impregna em cada verso da letra.

“Gatinha Manhosa” utiliza-se da visão do próprio animal, normalmente dolente, e, vez ou outra, atrás de um afago; e do sentido de galanteio que a expressão recebeu com o passar dos anos: “Um dia gatinha manhosa eu prendo você no meu coração”. A música foi regravada por Adriana Calcanhotto, sob a pele da personagem infanto-juvenil Adriana Partimpim, e repetiu o sucesso de outrora.

“Se Você Pensa” (soul, 1968) – Erasmo Carlos e Roberto Carlos

Era nítida a implicância de Elis Regina com a Jovem Guarda, tanto que, em 1967, ela liderou a famigerada Passeata Contra a Guitarra Elétrica, que contou com as adesões de nomes de peso como Gilberto Gil, Edu Lobo, Geraldo Vandré e Jair Rodrigues, dentre outros. Dois anos depois, no entanto, ela já estaria convertida.

Com produção de Nelson Motta, gravou “As Curvas da Estrada de Santos”, em 1970, no disco “Em Pleno Verão”, e interpretou a mesma música ao lado do próprio Roberto Carlos, em espetáculo ao lado de Miele, Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Wilson das Neves, entre outros. A aproximação, no entanto, começou antes, em 1969, quando Elis registrou o soul “Se Você Pensa”, de 1968 e que ganhou uma divertida versão feita por Erasmo com As Frenéticas em 1978.

“Sua Estupidez” (balada, 1969) – Roberto Carlos e Erasmo Carlos

A histórica parceria entre Roberto Carlos e Erasmo Carlos rendeu hits juvenis e românticos do porte de “Sentado à Beira do Caminho”, “Detalhes”, “É Proibido Fumar” e “Minha Fama de Mau”, consagrando a dupla que alcançou o estrelato com o movimento da Jovem Guarda, sob os auspícios do controvertido produtor Carlos Imperial.

Em 1969, Roberto lançou “Sua Estupidez”, logo tomada por vozes femininas de toda ordem. A mais marcante gravação foi feita por Gal Costa, no revolucionário espetáculo “Fa-Tal: Gal a Todo Vapor”, dirigido por Wally Salomão, que bradava contra as atrocidades da ditadura militar e clamava por liberdade no ano de 1971, a que se seguiram versões de Alcione, Ná Ozzetti, Sophie Charlotte, Bárbara Eugênia e, mais recentemente, de Flora, no ano 2020.

“Meu Nome É Gal” (rock, 1969) – Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Gal Costa é a única cantora que ganhou de Roberto e Erasmo Carlos uma música em sua homenagem. “Meu Nome É Gal” foi lançada no LP de 1969, com uma arte pra lá de psicodélica na capa que se repete nos arranjos. Lanny Gordin e Jards Macalé participam do disco, assim como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Vale incluir a regravação da mesma canção no álbum (e show) “Gal Tropical”. O duelo dos agudos mais bonitos do país com a guitarra de Robertinho de Recife, que acontecia no fim do show, é histórico. “Gal Tropical” passou pelo palco do Palácio das Artes, porém com Victor Biglione na guitarra.

“120… 150… 200Km Por Hora” (rock, 1970) – Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Em 2009, quando do lançamento do álbum “Elas Cantam Roberto”, Marília Pêra brindou o público com uma interpretação ainda mais teatral e sincera de “120… 150… 200km por hora”, sucesso de Roberto Carlos e Erasmo Carlos já na pós-Jovem Guarda, mas ainda sob o signo rebelde e desbravador do movimento.

Ao ambiente de carros e estradas, os compositores aliam uma reflexão sobre a existência, perpassada, como de praxe, por desilusões amorosas. O que permanece na interpretação de Marília Pêra é a força com que a artista se entregou à arte, pois ao que parece estar em seu domínio é totalmente dela. E assim quem ganha é o público. E que venham vários aplausos para Marília Pêra.

“Detalhes” (balada, 1971) – Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Roberto Carlos e Erasmo Carlos recorrem a uma redundância para compor um dos versos mais famosos da música brasileira: “detalhes tão pequenos de nós dois”, dizem em “Detalhes”, essa balada que colocou para sempre o nome de ambos no rol de maiores sucessos do cancioneiro popular.

Com a pegada romântica típica da dupla, essa balada, lançada em 1971 no disco de Roberto Carlos, rapidamente se tornou uma febre, e não saiu nunca mais do repertório apresentado pelo Rei em cruzeiros em alto mar e especiais de final de ano da Rede Globo. Em 1993, Maria Bethânia regravou esse clássico do romantismo.

“Meu Ego” (blues, 1977) – Erasmo Carlos e Roberto Carlos

No final de 1977, Nara Leão e Erasmo Carlos apresentaram no programa “Fantástico”, da Globo, a música “Meu Ego”, mais uma parceria do Tremendão com Roberto Carlos. A música havia sido lançada, naquele mesmo ano, no LP “Os Meus Amigos São Um Barato”, confirmando o pioneirismo de Nara, que dava a partida nos álbuns de duetos na música brasileira.

Além de receber Erasmo na referida faixa, ela ainda abria alas para Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim, Chico Buarque, Edu Lobo, Dominguinhos, João Donato e outros ícones da MPB. No ano seguinte, em 1978, a música seria incluída no disco “Pelas Esquinas de Ipanema”, de Erasmo. Mais tarde, ela foi regravada por Simone e Zélia Duncan.

“Desabafo” (balada, 1979) – Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Entre os muitos, milhares, inúmeros sucessos de Roberto Carlos, o disco lançado pelo Rei em 1979 ainda é considerado um dos melhores da carreira pelos fãs mais aficionados. No repertório, ao menos duas canções que, volta e meia, estão presentes em shows: “Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo” e “Desabafo”, típica canção de amor que remonta à nossa tradição de dor de cotovelo.

“Porque me arrasto aos seus pés/ Porque me dou tanto assim/ E porque não peço em troca/ Nada de volta pra mim”, diz a música de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Nada mais apropriado para o canto derramado e quente de Fafá de Belém, escolhida para reviver o clássico no álbum “Elas Cantam Roberto Carlos”, que chegou à praça em 2009, com um time estelar.

“Mesmo Que Seja Eu” (rock, 1982) – Erasmo Carlos e Roberto Carlos

Sabe o clichê “antes só do que mal acompanhado”? Pode ser uma boa resposta ao eu lírico da canção de Erasmo Carlos. “Mesmo Que Seja Eu” é o relato de um homem sobre a vida, segundo ele solitária, de uma mulher. Talvez a intenção dele tenha sido se declarar um homem apaixonado e protetor e é nesse ponto que, muitas vezes, torna-se difícil identificar o abuso em um relacionamento.

“Filosofia e poesia/ É o que dizia minha vó/ Antes mal acompanhada do que só/ Você precisa de um homem/ Pra chamar de seu/ Mesmo que esse homem seja eu/ Um homem pra chamar de seu/ Mesmo que seja eu”. A canção foi regravada por Marina Lima no LP “Fullgás”, onde ela habilmente reverteu o sentido original.

“Fera Ferida” (balada, 1982) – Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Em 1982, a gravadora de Roberto Carlos decidiu que a canção “Amiga”, cantada em dueto com Maria Bethânia, seria a chamada “música de trabalho”, e que contaria com toda a máquina industrial para ser transformada em hit radiofônico.

No entanto, o público, mais sábio que os engravatados, preferiu “Fera Ferida”, que se transformou em sucesso imediato. A canção retrata o fim do casamento entre Roberto e Nice, e foi novamente feita em parceria com Erasmo Carlos. Em 1987, Caetano Veloso a regravou, seguido por Roberta Miranda e Maria Bethânia. A canção ainda deu nome à novela da Rede Globo.

“Do Fundo do Meu Coração” (balada, 1986) – Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Roberto Carlos vinha, aos poucos, de descolando do título de ídolo da garotada para se consagrar como o Rei da música brasileira. Um dos principais ativos nesse movimento foi apostar em canções mais maduras, que deixavam para trás o espírito juvenil e rebelde, em busca de declarações de amor capazes de acalentar corações de todas as idades.

“Como É Grande o Meu Amor Por Você” destoa do repertório de “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura”, LP lançado em 1967, exatamente por esse motivo. Também de pegada romântica é a balada “Do Fundo do Meu Coração”, parceria com Erasmo lançada pelo Rei em 1986, e regravada por Adriana Calcanhotto, Daniel, Joanna, e outros.