Um encontro de sensibilidades. Assim pode ser definido o lançamento da faixa “Poema de Trás para Frente”, que põe em contato direto a poesia de Ana Martins Marques e a música de Ed Nasque. É, também, um encontro de gerações e, sobretudo, o de uma artista consagrada – já premiada no mundo inteiro com sua produção literária – com um jovem em começo de carreira, enfrentando todos os reveses e dissabores inerentes a esses inícios.
Mas há, também, convergências. Ana e Ed são de Belo Horizonte, embora o músico tenha passado os últimos anos em Ouro Preto, onde se formou na Universidade Federal da cidade histórica. O acento mineiro está presente, mas não de maneira direta como poderia se esperar. Ele é transversal, de esguelha.
“Poema de Trás para Frente” encerra “O livro das semelhanças”, de 2015, e diz: “a memória lê o dia de trás para frente/acendo um poema em outro poema”. Ed Nasque aborda esse universo com sobriedade, e uma leve melancolia na voz.
A música persegue as palavras, e não o contrário. Algo parece ficar grudado na pele, nos ouvidos, na alma, à medida em que as ideias presentes naquelas letras e nas notas musicais são cuidadosamente ruminadas.
Não é a primeira experiência musical de Ed com a poesia. Embora jovem e em início de carreira, no seu primeiro disco, “Interior”, lançado no ano passado, ele estreou parceria com o também poeta Antonio Martins em “O Rio e o Mar”, e recitou poema de sua própria lavra em “Outono”. É, a poesia o guia.