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Confira erros e exageros dos candidatos ao governo de Minas em entrevistas à Itatiaia

Principais candidatos ao governo de Minas participaram da semana de entrevistas no Jornal da Itatiaia 1ª edição

Candidatos ao governo de Minas deram entrevista à Itatiaia

Após a semana especial de entrevistas com os candidatos ao governo de Minas, a reportagem da Itatiaia conferiu a veracidade das declarações feitas pelos concorrentes ao Palácio Tiradentes.

Alguns candidatos exageraram em informações para prejudicar adversários ou erraram sobre dados e episódios do passado.

Confira como cada candidato derrapou:

Alexandre Kalil (PSD)

Existe uma determinação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais em que a prefeitura está proibida de intervir nos moradores de rua. Esse é um problema gravíssimo

Errou

De acordo com o TJMG, não houve nenhuma decisão do tribunal que impediu a atuação da prefeitura nas abordagens aos moradores de rua da capital mineira.

“O Tribunal de Justiça de Minas Gerais não “impediu” ou “proibiu” a atuação do Município de Belo Horizonte nesse sentido. Conforme ata de audiência de mediação, realizada no dia 29/6/2022, foram acordados alguns pontos, entre eles o seguinte: o Município de Belo Horizonte orientará a guarda civil e a fiscalização no sentido de ter uma abordagem, com relação às pessoas em situação de rua mais humanizada, sem o recolhimento de pertences, conforme Dr. João Antônio Fleury Teixeira”.

Eu não só abri a caixa preta, eu extingui. O decreto que foi aprovado na Câmara de extinção da BHTrans foi do prefeito de BH

Exagerou

As investigações sobre irregularidades na BHTrans vieram à tona durante a CPI que investigou a empresa na Câmara Municipal. O colegiado de cinco vereadores produziu um anteprojeto de lei com propostas de mudanças no transporte público da capital, entre elas a extinção da BHTrans. O projeto foi aprovado por Kalil.

O presidente da CPI da BH Trans, vereador Gabriel Azevedo, afirma que o ex-prefeito Kalil e integrantes da prefeitura tentaram “melar” a comissão e só aprovaram a extinção da empresa quando o projeto já estava avançado na comissão. “No entanto, abrir a caixa-preta, como foi prometido em 2016, é bem diferente de extinguir a empresa. Quando o MP sugeriu que a prefeitura anulasse o contrato com as empresas de ônibus, a prefeitura não se posicionou”, diz o vereador.


Carlos Viana (PL)

O problema do metrô está resolvido: tem R$ 2,8 bilhões reservados. O governador é quem tem que decidir isso agora. Não é o presidente mais, o presidente já fez a parte dele

Exagerou

O governo federal, por meio do Ministério da Economia, autorizou a liberação de R$ 2,8 bilhões para a concessão do metrô da capital. No entanto, o processo ainda está sob responsabilidade do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do governo federal, que vai lançar o edital até o dia 23 de setembro.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Infraestrutura esclareceu que “o processo de concessão do metrô da região metropolitana de Belo Horizonte está previsto para ser publicado no dia 23 de setembro. Cabe ressaltar que o papel do Estado será de auxiliar o processo de licitação e a contratação do futuro concessionário dos serviços públicos das linhas 1 e 2 do metrô. A responsabilidade pela privatização da CBTU/MG é do governo federal”.

De acordo com o Ministério da Economia, o BNDES está mandatado pelo Governo do Estado para prosseguir no leilão de concessão. “O processo deve seguir com a publicação do edital de licitação que acontecerá nos próximos dias. O Estado já aprovou o aporte de recursos necessário e deverá fazer a efetiva integralização em conta garantidora, anteriormente à assinatura do contrato com o vencedor do leilão”, diz o governo federal por meio de nota.


Marcus Pestana (PSDB)

O problema não está no Regime de Recuperação Fiscal, alguma negociação precisa ser feita, as regras de repactuação da dívida vão ser refeitas. Eu vou reunir os 53 deputados de Minas para nós agirmos juntos na renegociação da dívida de Minas

Exagerou

As discussões sobre mudanças no Regime de Recuperação Fiscal se encerraram no Congresso Nacional no final de 2021. No dia 9 de dezembro de 2021, o Senado aprovou, por 56 votos a 7, alterações no RRF. O tema já havia sido aprovado na Câmara dos Deputados. Uma nova negociação para mudar os critérios do regime dependerá do Ministério da Economia e do Tesouro Nacional. Segundo os dois órgãos, ainda não há previsão de mudar as regras que foram feitas no ano passado.


Lorene Figueiredo (PSOL)

Imagina o que significa permitir que um grande empresário, que tem dado R$ 1 bilhão de isenção fiscal para os amigos. Vou citar o dono da Localiza que vem sendo beneficiado com isenção bilionária

Errou

Os benefícios tributários citados pela candidata do PSOL foram aprovados em abril de 2003, em evento que contou com a participação do então governador Aécio Neves (PSDB) e o presidente da Localiza, Salim Mattar. Na época, o governo de Minas igualou a alíquota do IPVA para locadoras com o estado do Paraná, que emplacou cerca de 50 mil veículos por ano. Dessa forma, a empresa voltou a emplacar seus veículos no estado. Uma decisão da Justiça Eleitoral na semana passada acatou o pedido da campanha de Romeu Zema e determinou a retirada de um trecho da propaganda de Alexandre Kalil que citava a informação errada sobre as locadoras.


Romeu Zema (Novo)

“Nos hospitais do estado, na rede Fhemig, esse piso já é pago. Inclusive, acima. Hoje nós já temos uma remuneração que está enquadrada neste piso. Com o último reajuste de 10% que demos no início deste ano, temos pessoas que ganham acima”

Errou

De acordo com a Associação dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais (Asthemg) e com o Sind-Saúde, o governo do estado não paga o valor do piso da enfermagem que foi aprovado pelo Congresso Nacional e barrado pelo Supremo Tribunal Federal na semana passada.

O piso em debate nacional prevê que enfermeiros devem receber R$ 4,7 mil; os técnicos em enfermagem devem receber 70% do piso, chegando a R$ 3,3 mil; e auxiliares devem receber 50% do piso, chegando a R$ 2,3 mil.

A diretora do Sind-Saúde-MG, Neuza Freitas, afirmou que o governador errou na informação sobre os salários dos técnicos de enfermagem. “O salário base de um técnico é de R$ 1,8 mil. Ele (governador) fala de gratificações, como por exemplo insalubridade, mas gratificação não é salário base”, diz Neuza.

Por meio de nota, o Sindicato do Profissional de Enfermagem, Auxiliar de apoio a Saúde, Técnica Operacional de Saúde e Analista de Gestão e Assistência à Saúde (Sindpros) afirmou que o governador errou sobre a informação do piso dos enfermeiros.

Os trabalhadores recebem um salário abaixo do piso. O que pode ser visto pela tabela salarial da rede Fhemig, que é um dado público.

Veja os valores corretos dos vencimento básico pago na rede Fhemig em 2022:

TÉCNICO DE ENFERMAGEM (30H) - R$ 1.533,52

TÉCNICO DE ENFERMAGEM (40H) - R$ 1.932,61

ENFERMEIRO (30H) - R$ 2.911,99

ENFERMEIRO (40H) - R$ 3.812,95

“Lembrando que a categoria estava sem nenhum reajuste salarial há 10 anos e os 10% conquistados pelos trabalhadores ainda é abaixo da perda inflacionária desses 10 anos de salários congelados”, diz a nota do sindicato.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.