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Sob críticas, eleição para conselheiros tutelares será mantida em BH

Em nota, prefeitura justifica impedimento para uso de urnas eletrônicas no processo eleitoral

Mesmo sob críticas, eleição para escolha de 45 conselheiros tutelares será mantida em BH

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) assegurou que não irá anular as eleições para escolha de conselheiros tutelares, realizada neste domingo (1º). O pleito, que contou com votos de 50 mil eleitores, foi marcado por atrasos, filas longas e problemas envolvendo a instabilidade no sistema eleitoral, que foi desenvolvido pela Prodabel, empresa de tecnologia da PBH.

Em comunicado publicado no início da noite desta segunda-feira (2), a prefeitura diz que decidiu, junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a Comissão Eleitoral do 10º Processo de Escolha dos Conselheiros Tutelares, manter o resultado do pleito.

“A decisão foi tomada considerando a lisura do processo e em respeito aos quase 50 mil eleitores que se dirigiram às seções eleitorais”, afirma o Executivo municipal em nota oficial.

No documento, a prefeitura justifica que utilizou um sistema próprio para a votação deste domingo (1º), em razão de uma lei municipal que “inviabiliza” o uso de urnas eletrônicas da Justiça Eleitoral - o que ocorreu em praticamente todas as outras cidades.

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“A Lei determina a observância do endereço e que o cadastro do eleitor seja feito no momento da votação. Já as urnas disponibilizadas pela Justiça Eleitoral, que são offline, demandam que o carregamento dos dados de todos os eleitores seja feito previamente”, informou a prefeitura no comunicado.

A Prefeitura de BH trabalha, agora, no envio de um projeto de lei para permitir que as urnas do TSE possam ser utilizadas no município.

O Executivo municipal disse, ainda, que irá considerar as recomendações feitas pela Defensoria Pública de Minas Gerais para as próximas eleições, marcadas para 2027, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Pedido de informações

Ainda nesta segunda-feira (2), a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) enviou um pedido de informações à PBH para saber detalhes relacionados ao processo de escolha dos conselheiros tutelares.

O documento é assinado pelo presidente, vereador Gabriel Azevedo (sem partido), que quer saber os dados relacionados à votação eletrônica do sistema da Prodabel e a votação física, em cédula de papel, que precisou ser utilizada em determinados locais de votação. Confira:

  • 1. Na votação eletrônica, como foi feita a validação e cadastro do eleitor?

  • 2. Na votação física, como foi feita a validação e cadastro do eleitor?

  • 3. Segundo a PBH, a Lei determina a observância da residência e a obrigação do cadastro dos eleitores ser feito no dia da eleição. Como foi feito esse procedimento nos dois momentos da eleição, de forma eletrônica e física?

  • 4. Como foi feita a verificação para assegurar que um eleitor não votasse duas vezes, de forma eletrônica e depois física? Considerando os fortes indícios de votos em duplicidade e fraude, questiono se a Prefeitura de Belo Horizonte possui lista de todos os eleitores que votaram no processo, de modo a esclarecer tal suspeita.

Mais cedo, Azevedo se disse “estarrecido” com as explicações da prefeitura para a não adoção do sistema da Justiça Eleitoral.

“A Lei Municipal 8502 de 2003, que disciplina o processo eleitoral do conselho tutelar, diz que o processo deve ser informatizado. As urnas oferecidas pelo TRE cumprem os requisitos legais e a legislação municipal não veda a utilização das mesmas. É preciso investigar os motivos reais e quanto foi gasto no desenvolvimento de tal sistema tão falho quando o município poderia ter usado, gratuitamente, os equipamentos da Justiça Eleitoral”, disse o presidente da Câmara ao contestar a explicação do prefeito Fuad Noman.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.