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Deputada Erika Hilton aciona MP contra André Valadão por discurso de ódio e LGBTfobia

Parlamentar já havia denunciado conteúdo de pregação do pastor durante um culto em junho; Valadão se manifestou sobre críticas

André Valadão já foi denunciado, em junho, por declaração transfóbica junto ao MP

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) entrou com uma representação junto ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra o pastor evangélico André Valadão. O documento foi protocolado nesta segunda-feira (3), junto à 18ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos. O tema provocou debates entre deputados na Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (3). O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) saiu em defesa de Valadão e disse que “homossexualidade é pecado”.

De acordo com a parlamentar, neste domingo (2), durante uma pregação, o religioso fez uma “incitação direta aos seus fiéis relacionada a morte de pessoas LGBTQIA+". Ela pede que o MP acione a Justiça para retirar o conteúdo do discurso das redes sociais e incluir as novas declarações em um inquérito que já foi aberto pelo Ministério Público de Minas Gerais.

“Essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal aquilo que a Bíblia já condena. Agora é hora de tomar as cordas de volta e dizer: ‘não, pode parar, reseta’. Aí Deus fala, ‘não posso mais, já meti esse arco-íris, se eu pudesse, eu matava tudo e começava tudo de novo”, disse Valadão durante culto que foi transmitida ao vivo pelo Youtube da Igreja Batista da Lagoinha.

“Mas já prometi para mim mesmo que não posso, então, agora está com vocês’. Você não pegou o que eu disse: agora está com você. Eu vou falar de novo: está com você”, repete o pastor durante a pregação.

De acordo com Erika, a frase representa “perigo de absoluta preocupação, sobretudo no contexto em que o Brasil figura no topo da lista de países que mais matam e violentam pessoas LGBT+ em todo o mundo”.

Essa é a segunda vez em que Erika Hilton aciona o MPMG contra declarações LGBTfóbicas de André Valadão. A primeira foi em 5 de junho, quando o pastor evangélico compartilhou em suas redes sociais um post em que dizia: ‘Deus Odeia o Orgulho”. Para a deputada, a frase é uma “evidente referência discriminatória à população LGBTQIA+".

Ela cita uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que equivalei a homotransfobia ao crime de racismo, que é previsto em lei federal e é inafiançável e imprescritível.

O que disse André Valadão

A reportagem procurou a assessoria de André Valadão, que não respondeu diretamente sobre a nova denúncia feita por Erika Hilton, mas encaminhou o posicionamento do pastor com um vídeo que foi compartilhado em suas redes sociais.

No conteúdo, ele critica a “grande mídia” por tentar “gerar uma notícia” e diz que não pedia aos cristãos para que cometessem crimes contra a população LGBTQIA+.

“Eu uso o termo do livro de Gênesis, quando Deus, a partir do dilúvio, destrói toda a humanidade por causa da promiscuidade sexual, a libertinagem. Deus não tem como ‘resetar’, recomeçar humanidade. Dentro disse, na minha mensagem eu disse que cabe a nós puxar as cordas e nós ‘resetarmos’. Não digo matarmos, aniquilarmos as pessoas, o que eu digo é que cabe a nós levar o homem, o ser humano, o princípio da vontade de Deus, deixarmos claro o que é a vontade de Deus para vivermos essa realidade”, afirmou.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.