O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne com seus ministros nesta segunda-feira (10) para fazer um balanço dos 100 dias de seu governo.
A intenção é apresentar o que já foi feito até o momento e destacar os projetos em andamento de cada pasta. O encontro acontece às 10 horas, no Palácio do Planalto.
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Lula já havia cobrado de seus ministros na semana passada sobre o detalhamento das ações já implementadas e um plano com as ações futuras consideradas essenciais.
O terceiro mandato de Lula começa com o desafio de encontrar marcas de gestão, criar programas de crédito para incentivar o crescimento e se aproximar da classe média, num momento de incertezas na economia.
Até agora, Lula cobrou “criatividade” da equipe e mostrou pressa por resultados, mas não conseguiu sair do clássico “nós contra eles” que têm marcado a polarização política no Brasil.
Nestes 100 primeiros dias, o governo federal recriou o Bolsa Família, o Mais Médicos e o Minha Casa Minha Vida. Nenhuma dessas iniciativas passou por análise do Congresso. Por se tratarem de Medida Provisória, o governo precisará de uma base para que elas sejam aprovadas no Congresso.
O primeiro teste deve começar amanhã, quando o Congresso realizará uma reunião para instalar comissões mistas que vão analisar as MPs de Lula.
Em busca de aliados
A frente ampla de partidos que apoiou Lula no segundo turno da campanha apareceu para defender a democracia após os atos golpistas de 8 de janeiro, mas pouco “apita” no governo.
Nesse período de turbulência, a comunicação do presidente ficou concentrada em sua própria “bolha”, em estratégia desenhada para reforçar laços com o eleitorado de esquerda.
No mês passado, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), mandou um recado ao governo dizendo que Lula ainda não tem uma base consolidada no Congresso.
Incertezas econômicas
No campo econômico, o início do governo Lula é marcado por instabilidade e pela briga do Planalto com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na tentativa de abaixar os juros.
Atacado dentro e fora do governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) apresentou na semana passasda uma proposta de arcabouço fiscal para o ajuste das contas públicas, mas, para ficar de pé, o País precisa aumentar sua receita em R$ 150 bilhões.
Os projetos ainda precisam ser enviados ao Congresso na esteira de uma queda de braço entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que divergem sobre o modelo de tramitação das medidas provisórias.
Embora Lula tenha tentado enquadrar o PT, as críticas já começaram. “Não dá para zerar o déficit no ano que vem, às custas do arrocho, para atender o mercado”, protestou o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). “Se o desemprego aumentar, haverá crise política sem precedentes. Aí o Bolsonaro volta.”
Em recente conversa com senadores, Haddad disse ser difícil fechar uma proposta de âncora fiscal que agrade tanto ao PT e à presidente do partido, Gleisi Hoffmann, como ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.