Pão de mel, coxinha, acarajé e até pizza ganharam tons de rosa em estabelecimentos comerciais do país. Isso porque eles aderiram à “onda rosa” provocada pelo tsunami chamado Barbie, da cineasta Greta Gerwig, que estreou nesta semana nos cinemas.
A ideia se funde a estratégia de marketing e também a diversão que a iniciativa provoca. A Panetteria ZN que fica em Mandaqui, em São Paulo, deu um toque rosa-choque em vários quitutes vendidos no estabelecimento. Fátima Dias, que é dona da padaria, explicou à Itatiaia que pelo menos 14 produtos vendidos no local são inspirados na Barbie.
Além de doces como “Beijinho do Amor Barbie” e “Maçã Gourmet da Barbie”, o estabelecimento ainda vende coxinha com massa e catupiry rosa - que recebem pigmentação da própria beterraba. O produto é vendido a R$ 9,50. “Trouxe muita alegria para o ambiente. Muitas famílias, pessoas em geral, vem a caráter. Uma alegria contagiante para todas as idades”, comenta.
Na padaria podem ser encontrados produtos que custam entre R$ 6,50 e R$ 95. O mais caro é o “Fond Barb”, que é acompanhado por creme de quatro queijos e 16 mini coxinhas com massa rosa e uma decoração especial. No entanto, no local, o produto mais vendido é o “Barbie Shake”, que custa R$ 30 e será comercializado apenas até domingo (23).
Com a ação, Fátima explicou que o movimento e, consequentemente o lucro, aumentaram na padaria. “O movimento aumenta pois também atrai novos clientes para outros produtos. A ação vai até o final deste mês”, pontua. “Temos que aproveitar e curtir esses momentos, novidades para ajudar a lançar produtos, atrair novos clientes e movimentar a equipe”, completa.
Além da Panetteria ZN, a LM Restaurante & Pizzaria também entrou na “onda Barbie” e fabricou uma pizza toda inspirada na boneca, que, inclusive, viralizou nas redes sociais. Os donos do estabelecimento são o casal Najara Teles e Arlen Varjão, que viram na “febre rosa-choque” uma chance de aumentar os lucros no local.
À Itatiaia, Najara contou que o marido é muito criativo e tem sempre uma “maneira inusitada de marketing”, sendo este seu “diferencial”. Localizada em Jeremoabo, na Bahia, Najara conta que é “referência na região” quando se trata de pizzaria, graças ao marido, que tem um “jeito inusitado de fazer vídeos” para atrair a atenção da clientela.
A ideia da pizza rosa surgiu após um influenciador digital, que é de Jeremoabo, gravar um vídeo vestido de Barbie. Depois disso, ela pensou junto com o marido em colorir a massa da pizza de rosa. “Mais ou menos sete dias atrás o Jefferson (influenciador) veio com a ideia de fazer o vídeo e nós abraçamos ela também. Então colocamos a ideia de construção de uma massa rosa para poder incrementar e lançar uma pizza doce no cardápio”, contou.
“Não foi nada difícil, utilizamos a nossa massa caseira mesmo. Só acrescentamos dentro dessa massa, em pouca quantidade, gel (comestível) da tonalidade rosa e depois assamos. Depois de ver como ficaria, colocamos a ideia em prática”, explicou à Itatiaia. A pizza possui borda e recheio de chocolate branco, além do glitter rosa.
Najara conta que o glitter gerou polêmica, mas garante que ele é comestível e não faz mal. “Ele é comestível. Acrescentamos o confete colorido, que é de chocolate, para dar um ‘tchan’ a mais e sobressair ainda mais o glitter rosa. Foi um estouro. Fomos pegos de surpresa pela quantidade de visualizações no TikTok, onde a gente não tinha nem 50 seguidores”, disse.
Agora, o estabelecimento possui 2.147 seguidores e acumula apenas nos vídeos da pizza rosa mais de 1 milhão de visualizações. “Substancialmente as vendas aumentaram devido à procura pela pizza rosa, porém outras pizzas do cardápio também apresentaram crescimento”, destaca.
Quem também viralizou recentemente nas redes sociais foi o Acarajé da Drica, que, inclusive, enfrentou uma polêmica. O estabelecimento que fica em Salvador, na Bahia, é o responsável por criar o primeiro acarajé rosa do país. “O acarajé foi totalmente criado como uma homenagem à estreia do filme da Barbie. Por ser fã e por ver também a quantidade de empresas que estavam fazendo esses mesmos tipos de alimentos, então resolvemos entrar na frente e fazer a ‘trend’”, explica Drica, que trabalha com acarajé há 16 anos e contou com a ajuda da filha, Letícia, que também é fã da boneca.
Inicialmente, ela fez um bolinho e, ao ver que o gosto não alterou com a anilina comestível rosa, decidiu fabricar para vender. “Então aí nós resolvemos fazer e anunciar marcando a hashtag ‘Barbie’ para podermos ser notadas. Nisso, começamos a comercializar porque nossos clientes aprovaram quando a gente deu alguns de degustação”, explicou.
Drica conta que com a “febre” do acarajé rosa também veio uma polêmica. A Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (ABAM) repudiou a venda do quitute baiano alegando que não “valoriza a cultura e os antepassados”. “As pessoas da associação se sentiram ofendidas e desrespeitadas, mas eu não vejo por esse lado, porque sou empreendedora, sou comerciante, trabalho no ramo com acarajé há 16 anos, minha mãe há 30 anos e o movimento está muito bom”, completa.
Na quinta-feira (20), segundo ela, foi o dia mais movimentado de toda a história do seu estabelecimento. “O acarajé rosa foi o mais pedido, mas não posso lhe dizer a quantidade, porque até mesmo pelo movimento a gente não teve como fazer essa somatória, mas foi o movimento maior de pedidos”, explica.
Além de precursora do acarajé rosa, Drica revela que foi a primeira a criar barcas com o quitute. Segundo ela, na barca são colocados os mesmos acarajés, porém em tamanhos menores. “Muita gente ontem pediu na cor de rosa”, acrescentou. “Eu fico sentida pelas pessoas que não se agradaram, mas em momento nenhum tive essa intenção de desmerecer ninguém e nem a religião delas. Eu já pedi desculpa, já me retratei porque em momento nenhum foi intencional”, acrescentou.
“Agora tá a enquete: Continua ou não continua? Eu vou me aprofundar sobre o assunto da raiz da matriz da cultura e vamos ver se a gente pode prosseguir. Vai depender dos estudos, das pessoas que entendem para poder nos informar certinho, porque a gente não alterou o tempero do acarajé, a gente apenas coloriu”, finaliza.