Com a chegada do frio em Belo Horizonte, Centros de Saúde e hospitais vem enfrentando uma onda de atendimentos de pessoas com sintomas de doenças respiratórias, como gripe ou resfriado. Em Minas Gerais, entre janeiro e março de 2023, mais de 30 mil pessoas já foram internadas no sistema de saúde público por doenças respiratórias.
A grande parte das pessoas acabam tendo apenas uma gripe ou resfriado, mas em alguns casos os sintomas desenvolvem uma
Conforme a médica Mariana Isadora, o número de doenças infecciosas, especialmente as relacionadas à respiração, tendem a aumentar no inverno devido a uma mudança no nosso comportamento: com as baixas temperaturas, a tendência é deixar os ambientes fechados e menos arejados, o que auxilia na proliferação de microrganismos que causam doenças infeccionas.
Outro fator contribuinte é que diversos vírus circulam mais facilmente com baixas temperaturas, como o vírus da influenza, causador da gripe.
“Esses dois fatores facilitam a transmissão desses agentes infecciosos, já que estamos mais pertinhos um do outro e a transmissão é via gotículas. Como as crianças e idosos são mais vulneráveis, já que têm o sistema imunológico ainda em formação ou fragilizado por alguma doença crônica, essas faixas etárias merecem todo cuidado e atenção nessa época”.
Diferença de gripe e resfriado
Apesar de muito parecidas, gripe e resfriado são doenças diferentes. Segundo o infectologista Leandro Curi, ambas são doenças do sistema respiratório, mas são de vírus diferentes. Enquanto o resfriado é causado por algum vírus do tipo rinovírus ou vírus essencial respiratório, a gripe, é causada pelo vírus influenza.
Os sintomas, apesar de parecidos, também se diferem, especialmente quando se trata da intensidade.
“No começo, pode-se ter um mal-estar geral nos dois casos, mas o resfriado fica concentrado nas vias aéreas superiores: discreto desconforto na garganta, o nariz escorrendo espirro, as pessoas às vezes confundem com alergia. A influenza já é uma doença sistêmica, ou seja, afeta o corpo inteiro com febre alta, mal-estar, pode ter diarreia ou vômito, perda de apetite, tosse, dor no corpo”.
A forma de transmissão de ambas doenças se dá por meio de gotículas e secreções respiratórias de pessoa para pessoa.
Antibiótico só com recomendação médica
A maior preocupação dos médicos, entretanto, está na automedicação com antibióticos, especialmente porque seu uso indiscriminado por criar resistência a bactérias. Além disso, o medicamento pode causar danos colaterais ao estômago, fígado e rins, além de alterar a flora intestinal.
O médico Leandro Curi relembra, ainda, que gripes e resfriados são causados por vírus, e antibióticos combatem apenas bactérias. Portanto, não há necessidade de fazer uso de antibióticos quando se está gripado ou resfriado.
“Antibióticos não podem ser vendidos para pessoas sem prescrição médica. Quando você toma antibiótico por conta própria, geralmente você não toma o tempo correto, não tem instrução, às vezes o tanto de vezes que tem que tomar em um dia não é feito de modo correto, e você faz uma bagunça no seu sistema imune. Você altera a sua flora intestinal, essas bactérias boas que te protegem, ao tomar um antibiótico achando que vai se curar”