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Menos de 10% das crianças de 6 meses a 2 anos receberam a 1ª dose contra a Covid-19 em BH; pediatra explica importância da imunização

Infectologista acredita que baixa adesão pode ter relação com fake news e ressalta que a vacina pediátrica não possui efeitos colaterais graves

Crianças abaixo de 2 anos podem receber a vacina contra a Covid-19

Apenas 9,2% das crianças entre 6 meses e 2 anos de idade receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em Belo Horizonte. As três doses já estão disponíveis nos Centros de Saúde da capital para a faixa etária e especialistas se preocupam com a baixa adesão.

Após receber a primeira dose da vacina pediátrica, o bebê deve esperar quatro semanas para receber a segunda e depois oito semanas para a dose de reforço. Apesar disso, as taxas continuam muito abaixo da meta: apenas 3,2% dos bebês receberam a 2º dose e 0,3% a dose de reforço.

Segundo a infectologista pediatra Lilian Martins, a baixa adesão à vacinação infantil contra a Covid-19 pode afetar a saúde tanto dos bebês quanto da família e comunidade do seu entorno.

“Criança abaixo de 12 anos pode ter a síndrome inflamatória sistêmica pediátrica associada à Covid, ou pode ter uma pneumonia causada pelo vírus, ou outras manifestações mais raras, como meningite e cerebelite. A taxa baixa afeta a todos porque as crianças continuam a ser veículo de transmissão da doença e elas podem apresentar quadros graves”, conta a médica.

Lilian reforça os benefícios da vacina contra a Covid-19 e nega que ela possa causar efeitos colaterais sérios às crianças. Pelo contrário, ela explica que a vacinação melhora a imunidade do bebê e impede que ele contraia formas graves da doença.

“A vacina tem o benefício de proteção contra formas graves e redução da transmissão para grupos de risco. Os riscos de efeitos graves da vacina são mínimos, como em qualquer outra vacina. Podem ocorrer efeitos leves, como dor no local da vacina, que se resolvem rapidamente”.

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Diferença nas idades

Apesar da baixa taxa de vacinação em bebês abaixo de 2 anos, a imunização de crianças mais velhas tem apresentado números melhores. Entre crianças de 3 a 4 anos, 36,2% já receberam a primeira dose e 21,1% a segunda. Já na faixa etária de 5 a 11 anos, 87,3% receberam a primeira dose e 66,6% a segunda. A dose de reforço continua baixa, com apenas 1,2% de adesão.

Lilian acredita que a diferença na taxa de vacinação nas faixas etárias tem relação com fake news espalhadas pelas redes sociais sobre riscos colaterais da vacina. Mais uma vez, ela reforça que o imunizante é seguro e recomendado.

“Acho que os pequenos não estão sendo vacinados porque agora as pessoas se preocupam menos com a doença que antes. Além disso, as fake news adquirem maior peso, principalmente quando divulgam riscos que são inexistentes”.

Como descobrir se a criança está infectada

Mesmo com a baixa no número de internações por Covid-19, Lilian alerta que os pais precisam continuar atentos aos sintomas da doença e procurar auxílio médico. os principais sintomas são: febre, tosse, cansaço, coriza e dor de garganta. Nos casos mais graves pode haver dor abdominal ou manchas no corpo.

O uso da máscara, tanto em adultos quanto em crianças, continua sendo indicado quando as pessoas estiverem com sintomas ou próximas a alguém doente, e em locais fechados e lotados. Além disso, medidas como lavar as mãos e evitar levá-las à boca, nariz e olhos continuam valendo. A vacinação, entretanto, é indicada como melhor prevenção.

Em Belo Horizonte, três centros de saúde em cada reginal estão vacinando crianças contra a Covid-19. Os endereços podem ser conferidos no Portal da PBH.