O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou um retrato inédito da população quilombola no país. De acordo com o relatório, divulgado nesta quinta-feira (27), o país tem 1,3 milhão de quilombolas, espalhados por 1.696 municípios, o que equivale a 0,65% da população (203,1 milhões).
Minas Gerais é o terceiro maior estado no número de quilombolas, são 135 mil.
O levantamento é considerado histórico. É a primeira vez que o Censo investiga os integrantes dos povos e comunidades tradicionais quilombolas, que foram reconhecidas pela Constituição de 1988. O recorte revelou que 68,19% vive no Nordeste, o equivalente a 905.415 pessoas.
Mesmo com a alta concentração no nordeste, há quilombolas em todas as regiões do país. Roraima e Acre são os únicos estados que não registram essa população. O IBGE também revelou que quase um terço dos quilombolas vivem na Amazônia Legal.
Veja os 5 estados com a maior população quilombola:
Bahia: 397.059
Maranhão: 269.074
Minas Gerais: 135.310
Pará: 135.033
Pernambuco: 78.827
Quem são os quilombolas?
Mais de cinco milhões de pessoas foram trazidas forçadamente ao Brasil e escravizadas durante o período da colonização. Os escravizados que fugiam em busca de liberdade se escondiam nos espaços chamados de quilombos.
Considerado símbolo de liberdade e da resistência negra, os quilombos se constituíram enquanto comunidades de ex-cativos. Os primeiros registros desse tipo de formação são da década de 1570.
Atualmente, os quilombolas são os descendentes desses fugitivos. Portanto, é uma população que ainda possui laços históricos e ancestrais com a terra e a comunidade onde vive. Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, ressalta a importância de analisar a população quilombola.
“Com essa divulgação, o IBGE atende a uma demanda histórica da sociedade brasileira, dos órgãos governamentais e dos movimentos sociais. Conhecer o número de pessoas quilombolas e como elas se distribuem pelo país, no nível de municípios, vai orientar políticas públicas de habitação, ocupação, trabalho, geração de renda, e regularização fundiária”, declara.
Como levantamento foi realizado?
O IBGE considerou o autorreconhecimento das comunidades quilombolas e contou com a ajuda da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) para elaborar a pesquisa.
Até o Censo 2022, os quilombolas eram contabilizados em meio à contagem geral da população. Não havia um recorte específico para o grupo. A partir deste Censo, o IBGE incluiu nos questionários a pergunta: “Você se considera quilombola?”. Caso o entrevistado confirmasse, ele poderia responder qual era a sua comunidade.