Os casos recentes de violência nas escolas, junto com disseminação de ameaças e notícias falsas sobre o assunto, amplificaram o debate sobre o papel da internet e as tentativas de impedir a propagação de fake news sobre o tema. A regulação das redes sociais foi um assunto que ganhou ainda mais força nas últimas semanas.
Nesta segunda-feira (17), uma adolescente de 13 anos foi apontada como a
Para o professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG, Carlos D’Andrea, a forma como as redes funcionam acaba por facilitar e incentivar a disseminação dos conteúdos desse tipo. Ele explica que é preciso pensar em formas para frear o compartilhamento de conteúdos falsos.
“As plataformas oferecem infraestruturas robustas para a circulação desse conteúdo e está claro que essas estruturas não são neutras. É preciso achar modos de ajustar o funcionamento dessas redes para que elas atendam um interesse público maior. Um exemplo interessante foi quando o Whatsapp diminuiu o número de pessoas para quem você pode encaminhar uma mensagem. Alguns poderiam tomar isso como censura, mas há ali uma intenção de dificultar a circulação muito rápida de modo com que as pessoas pensem sobre sua ânsia de espalhar informação.”
Deep web
Termo muito citado nos últimos anos e apontado como o ambiente propício para crimes cibernéticos, a deep web não tem sido usada na divulgação de notícias falsas sobre massacres. Manu Halfeld, Gerente de Projetos da ONG SaferNet Brasil, ressalta que os últimos casos foram organizados em redes sociais, na “superfície”, o que deixa o desafio ainda maior.
“Um problema que enfrentamos é o uso de redes sociais para captar pessoas para servidores mais privados, redes sociais mais abertas, que são uma espécie de porta de entrada para espaços mais privados com disseminação de conteúdos de ódio. Problema muito complexo que envolve a questão de moderação de conteúdo.”
Essa moderação de conteúdo esbarra nas discussões sobre regulamentação das redes sociais, que não são uma exclusividade do Brasil. O professor Carlos D’Andrea ressalta que essa é uma questão é complexa e que dificilmente vai ser resolvida de forma rápida. Ele também aponta para o risco de “abusos” nessa regulamentação.
“As plataformas são muito espalhadas geograficamente em termos de serviço, não são centralizadas.Então são várias plataformas que também precisam ser regulamentadas. Mas claro que há o risco de haver abusos. Qualquer coisa que se regulamenta nesse sentido pode ultrapassar uma linha ali muito tênue e começar a realmente criar processos de censura que são delicados, né?”
Enquanto isso, uma das soluções é preparar crianças e adolescentes para lidarem com os riscos do ambiente digital. Para Manu Halfeld, o mais importante não é a expertise em tecnologia, mas sim a capacidade de transmitir valores e dos adultos servirem como referência.
“Dados de pesquisas mostram que, muitas vezes, adolescentes procuram mais os seus “iguais” (adolescentes) do que pais, responsáveis e professores quando eles são acometidos por uma situação de risco na internet, então é muito importante que os responsáveis tenham uma posição ativa.”
Em parceria com o Ministério da Justiça, o Safernet está recebendo denúncias relacionadas aos ataques em escolas pelo site