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Trabalhadores sem terra desocupam fazenda invadida no Norte de Minas

Grupo com 70 pessoas, incluindo mulheres e crianças, chegou ao local no sábado (6) e se identificou como representante da Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL)

Grupo FNL seria uma dissidência do MST

Cerca de 15 famílias de sem-terras, num total de 70 pessoas, incluindo mulheres e crianças, deixaram hoje (8) pela manhã a fazenda Chapadão em Jequitaí, no Norte de Minas. O grupo havia invadido o local na sexta-feira (5) à noite, identificando-se como representante da Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL). Eles argumentaram que a fazenda estava abandonada e não cumpria sua função social. Essa foi a primeira vez que uma propriedade rural invadida em Minas Gerais, após a posse do presidente Lula. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) informou não ter qualquer relação com o ocorrido.

O proprietário da fazenda, Evandro da Rocha, negou que a fazenda seja improdutiva. Segundo ele, o local é utilizado para criação de cavalos e plantação de quiabo e abóbora. “Eu tenho irrigação, tenho trator e crio cavalos. O pessoal chegou armado e entrou no momento em que o funcionário que fica no local tinha saído”, disse.

De fato, no Boletim de Ocorrência, registrado pela Polícia Militar, consta que quando os ocupantes chegaram ao local não havia ninguém. O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Jequitaí, Lindolfo Júnior, contou que Evandro adquiriu a fazenda há pouco tempo e, “provavelmente’, ainda está em fase de estruturação das atividades. Ainda segundo Lindolfo, a desocupação do local pelo grupo se deu hoje (8), de forma pacífica, sem necessidade de intervenção da polícia.

Deputado enviou ofício à PM

O deputado federal Delegado Marcelo Freitas, (União) que acompanhou o caso, encaminhou um ofício à Polícia Militar para garantir a imediata retomada da propriedade e diversas entidades da sociedade civil foram acionadas para auxiliar nesse processo. “Compreendemos que a invasão é um crime que precisa ser imediatamente reprimido”, afirma.

O que é a FNL?

A Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) é uma organização social e política formada por trabalhadores do campo e cidade que lutam pela terra, pela reforma agrária e pela “transformação radical da sociedade”.

Foi fundada em 2014 em Assis, São Paulo. Hoje, o movimento é coordenado pelo militante

José Rainha Júnior que foi dirigente do MST até 2007 quando foi afastado por divergências políticas. Ele está preso, em São Paulo, desde 4 de março desse ano, acusado de extorquir donos de propriedades rurais. Rainha divide a coordenação do FNL com Diolinda Souza e Claudemir Novais.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.