Minas detalha novas diretrizes para descarbonizar indústria, energia e agro até 2050

Estudo aponta soluções de eficiência, inovação e manejo sustentável para apoiar metas do estado

Atualização do Programa Rota da Descarbonização orienta transição climática em três setores além de transportes

O Governo de Minas Gerais apresentou novas diretrizes e soluções tecnológicas para apoiar a transição climática dos setores de Indústria, Energia e Afolu (Agropecuária, Florestas e Uso da Terra).

As orientações integram a continuidade do estudo elaborado para o Programa Rota da Descarbonização, conduzido pela Invest Minas, vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG).

A iniciativa complementa a análise já realizada para o setor de Transportes e aprofunda os caminhos que permitirão ao estado cumprir a meta de neutralidade de emissões até 2050. Segundo o estudo, as atualizações reforçam o papel de Minas Gerais no debate climático nacional.

Indústria: eficiência, substituições e novos processos

No setor industrial, o estudo indica que as principais oportunidades de mitigação estão na eficiência e no uso de tecnologias que reduzam emissões.

Na produção de cimento, responsável por 27% das emissões da indústria, a ampliação de aditivos e substitutos ao clínquer surge como alternativa de impacto relevante e menor custo operacional.

Já na cadeia do ferro-gusa e do aço, que responde por metade das emissões industriais, há destaque para o uso ampliado de carvão vegetal de origem sustentável e para a adoção de fornos elétricos (EAF). Também está prevista a substituição gradual de combustíveis fósseis por fontes de baixa emissão.

Energia: captura de carbono e bioenergia

Entre as soluções avaliadas para o setor de energia, a captura de carbono em processos de cogeração elétrica nas usinas de etanol e na produção de biometano é apontada como uma das frentes com maior potencial transformador.

Apesar do custo elevado, a tecnologia possibilita que o segmento alcance emissões líquidas negativas, contribuindo para compensar emissões residuais de outras áreas.

O estudo ressalta ainda que Minas já possui ambiente favorável para o avanço dessas soluções, impulsionado pela expansão da bioenergia e do mercado de biocombustíveis.

Afolu: manejo sustentável e uso da terra

No setor agropecuário e no uso da terra, o estado volta a aparecer como protagonista da transição sustentável no campo. Tecnologias como Integração Lavoura-Pasto (ILP), Integração Lavoura-Pasto-Floresta (ILPF) e manejo nutricional de bovinos são citadas como caminhos que combinam ganhos de produtividade a custos reduzidos e alto potencial de mitigação.

As ações relacionadas ao uso da terra concentram a maior contribuição, com restauração florestal e redução do desmatamento respondendo por mais de 60% do potencial de mitigação previsto no estudo.

Para Gustavo Garcia Vieira de Almeida, diretor de Gestão e Novos Negócios da Invest Minas, a atualização das diretrizes reforça uma visão integrada entre ciência, estratégia e política pública.

Segundo ele, o programa posiciona Minas Gerais como referência em políticas climáticas orientadas por evidências, com impactos diretos na competitividade e no ambiente de negócios.

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Erem Carla é jornalista com formação na Faculdade Dois de Julho, em Salvador. Ao longo da carreira, acumulou passagens por portais como Terra, Yahoo e Estadão. Tem experiência em coberturas de grandes eventos e passagens por diversas editorias, como entretenimento, saúde e política. Também trabalhou com assessoria de imprensa parlamentar e de órgãos de saúde e Justiça. *Na Itatiaia, colabora com a editoria de Indústria.

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