Crédito do BNDES acelera Indústria 4.0 e traz R$ 501,5 mihões para Minas Gerais

Linha BNDES Mais Inovação Difusão Tecnológica já aprovou R$ 2,7 bilhões para modernização industrial em todo o país, com metade dos recursos voltados a MPMEs, enquanto Minas Gerais concentra R$ 501,5 milhões e empresas podem financiar até 100% dos projetos com taxas reduzidas e prazos de até 16 anos

Dentro do mapa da modernização, Minas é um dos polos mais dinâmicos

A Indústria 4.0 deixou o discurso de futuro distante e entrou no campo dos contratos e cronogramas de obra: só na linha de difusão tecnológica do programa BNDES Mais Inovação já são R$ 2,7 bilhões em financiamentos aprovados para modernizar o parque fabril brasileiro.

A procura é ainda maior do que o volume liberado até agora, com cerca de R$ 5 bilhões em pedidos que revelam um movimento consistente de empresas de todos os portes em direção à automação, à digitalização e ao uso intensivo de dados na produção.

Metade dos recursos aprovados nessa frente nacional está nas mãos de micro, pequenas e médias empresas, justamente o segmento que costuma ter mais barreiras para acessar crédito de prazo longo e incorporar tecnologia de ponta.

Minas Gerais em destaque

Dentro desse mapa da modernização, Minas Gerais aparece como um dos polos mais dinâmicos: empresas mineiras já garantiram R$ 501,5 milhões na linha de crédito voltada à Indústria 4.0. Em Minas, 62% desse montante foi direcionado a micro, pequenas e médias empresas. Isso sinaliza que a transformação digital não ficará restrita às grandes plantas industriais, mas vai chegar também a fabricantes regionais e negócios que sustentam economias locais.

Considerando todas as iniciativas de inovação apoiadas pelo banco desde 2023, o crédito total aprovado para o Estado soma R$ 2,6 bilhões até outubro, bem acima dos R$ 205 milhões registrados entre 2019 e 2022, uma guinada que reposiciona Minas no mapa da política industrial brasileira.

Como funciona o programa BNDES Mais Inovação

O BNDES Mais Inovação é o guarda-chuva que organiza as diferentes linhas de crédito para inovação e digitalização, estruturado em subprogramas que vão de pesquisa e desenvolvimento até a compra de máquinas conectadas ao chão de fábrica.

No eixo de investimentos em inovação, podem ser financiados projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação alinhados à nova política industrial, iniciativas ligadas às políticas nacionais de meio ambiente e clima, plantas industriais com processos ainda inexistentes no país e planos de transformação digital que redesenhem processos, produtos e modelos de negócios.

Também entram na conta parques tecnológicos, incubadoras, aceleradoras e projetos do Programa Brasil Mais Produtivo voltados à digitalização de empresas, incluindo consultorias, serviços tecnológicos, softwares e treinamento de equipes.

Para difusão tecnológica (onde se encaixam muitos dos projetos de Indústria 4.0) o programa permite financiar contratação de serviços tecnológicos, aquisição de máquinas e equipamentos com características inovadoras e bens de informática e automação com tecnologia nacional, observando o Processo Produtivo Básico previsto na legislação.

Há ainda subprogramas específicos para aquisição de bens inovadores e para investimento automático, este último voltado a projetos de transformação digital no âmbito do Brasil Mais Produtivo, com financiamentos de até R$ 15 milhões por cliente ao ano via agentes financeiros credenciados.

Em todos os casos, o foco é usar o crédito como alavanca para que empresas ganhem produtividade, reduzam custos e abram novos mercados a partir de inovação incorporada ao dia a dia, não como um projeto paralelo.

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Custos, prazos e limites: o que atrai o empresário

Do ponto de vista financeiro, um dos atrativos é a combinação de taxas reduzidas, longo prazo e possibilidade de financiar até 100% do investimento, algo raro em linhas tradicionais de mercado. Nas operações indiretas de difusão tecnológica, por exemplo, a remuneração do BNDES parte de 1,40% ao ano para micro, pequenas e médias empresas, chegando a 1,80% ao ano para grandes companhias, enquanto a taxa do agente financeiro é negociada com o cliente, mas não pode ultrapassar 5% ao ano.

Nos investimentos automáticos ligados ao Brasil Mais Produtivo, a remuneração do BNDES é de 1,5% ao ano, com a parcela dos bancos repassadores limitada a 4% ao ano, o que reduz o custo total em relação ao crédito comum.

Os prazos também foram desenhados para caber em projetos industriais de longo ciclo: operações diretas de investimento em inovação podem chegar a 192 meses, com até 48 meses de carência, e apoiar integralmente o valor do projeto, enquanto operações indiretas de difusão tecnológica podem ter até 120 meses de prazo e 12 meses de carência, igualmente com até 100% de participação do banco.

Há limites anuais por cliente, como até R$ 50 milhões por ano em difusão tecnológica e até R$ 300 milhões em operações vinculadas à Taxa Referencial para determinados subprogramas, mas, na prática, esses tetos atendem a uma ampla gama de perfis, do pequeno fabricante que automatiza uma linha ao grande grupo que implanta uma planta inédita no país.

Em paralelo, o recorte territorial para contratações diretas favorece Norte e Nordeste com tíquete mínimo de R$ 10 milhões, ante R$ 20 milhões nas demais regiões, numa tentativa de distribuir melhor os efeitos da política de inovação.

Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.

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