O programa de incentivos anunciado pelo governo federal para a indústria automotiva tem potencial de reduzir preços de 158 das 623 versões de carros comercializada no Brasil, que respondem por 47% do volume de vendas no país. Os dados foram estimados pela Bright Consulting, especializada no setor.
De acordo com Murilo Briganti, sócio da consultoria, esse percentual representa cerca de 1 milhão de automóveis em um ano, tendo como base a projeção de venda de 2 milhões de unidades em 2023.
Essa previsão ainda não leva em conta o programa anunciado em Brasília pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB), que prevê redução de 1,5% a 10,9% em tributos federais para veículos de até R$ 120 mil.
“Com esse novo programa, se considerarmos uma vigência entre julho e dezembro de 2023, há um potencial acréscimo de 130 mil a 150 mil unidades no mercado, ou aproximadamente 7% de crescimento”, explicou Briganti.
Há quatro anos, salientou o consultor, a indústria tem tido estagnação ou baixo crescimento no volume de vendas domésticas. Em 2022, os brasileiros compraram 1,96 milhão de automóveis zero-quilômetro.
Do potencial 1 milhão de carros novos que poderiam ser enquadrados no programa anunciado pelo governo, 68% tem motor 1.0 e preço médio entre R$ 85 mil e R$ 90 mil, de acordo com os dados da Bright Consulting. Os 32% restantes têm propulsor de 1.2 a 1.8 litro e custam de R$ 105 mil a R$ 110 mil.
A iniciativa do governo tenta estimular a produção e o mercado domésticos. Entre os motivos apontados pelo governo para a redução de impostos está o fato de parte da indústria automotiva brasileira estar ociosa.
Também há uma mudança de perfil na produção nacional, como mostram dados da Bright Consulting: as montadoras têm dado preferência a modelos mais equipados, mais caros e de maior lucratividade.
“O ticket médio, hoje, considerando preços de transação, é de R$ 138,5 mil. Em 2016, era de R$ 91,4 mil. Ou seja, estamos falando de um aumento de 51%, já com valores corrigidos pela inflação”, explicou Briganti.
Carros novos podem custar menos de R$ 60 mil, diz Anfavea
As medidas anunciadas pelo governo podem derrubar o preço de carros novos para menos de R$ 60 mil, segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio Lima Leite.
Atualmente os modelos mais baratos custam na casa de R$ 70 mil no país.
Os benefícios do governo incluem os veículos novos em estoque no setor, disse Leite a jornalistas após participar de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Alckmin no Palácio do Planalto.