O comércio do setor editorial brasileiro percebeu uma mudança no hábito de compras dos brasileiros em 2022. Pela primeira vez, as livrarias virtuais venderam mais livros – com um maior faturamento – do que os estabelecimentos físicos.
Segundo a pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”, realizada em parceria pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), com apuração da Nielsen BookData, as livrarias exclusivamente virtuais foram os canais com maior participação no faturamento das editoras, tendo alcançado 35,2% no ano passado.
Até 2021 as livrarias físicas eram os principais meios de venda, representando 30% do faturamento das editoras. Também pela primeira vez em 2022, no subsetor de obras gerais, Feiras do Livro/Bienal aparece entre os cinco primeiros canais na participação do faturamento das editoras.
Para o presidente da CBL, Sevani Matos, estar entre os principais canais de vendas mostra que as Feiras de Livro/Bienais representam mais esse papel importantíssimo e relevante no mercado editorial e livreiro. Esse resultado é o reconhecimento do esforço para apresentar os lançamentos nesses ambientes e aproximar o público das obras e dos autores.
Resultados
O faturamento com as vendas do setor editorial brasileiro apresentaram um crescimento nominal de 3% em 2022. No entanto, considerando a variação da inflação medida pelo IPCA, de 5,79% no período, o resultado indica um recuo de 2,6%.
Os resultados de 2022 demonstram a situação econômica do país, mas também apontam para novos horizontes do mercado.
Segundo o presidente do SNEL, Dante Cid, a pesquisa mostra que o mercado acompanha a situação do país e ainda depende que o Brasil supere obstáculos econômicos e sociais que permitam a expansão do hábito da leitura.
“Esta edição aponta a expansão dos canais digitais de vendas em alguns dos segmentos e o destaque das vendas em eventos literários, que têm apresentado uma excelente participação do público leitor”, destacou.
A pesquisa acompanha ainda o comportamento da produção e das vendas das editoras em quatro subsetores: Obras Gerais, Didáticos, Religiosos e CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais). Em 2021, a queda em termos reais registrada foi de 4%.
Nos segmentos de livros didáticos, obras gerais e religiosos houve um aumento nominal de 6% no faturamento das editoras. Em termos reais, os três subsetores empatam com a inflação. Já o subsetor CTP apresentou uma queda nominal de 10% do faturamento em 2022.
Ao todo, foram vendidos 314 milhões de exemplares em 2022, 23% a menos do que em 2021, quando foram vendidos 409 milhões. Em questão de faturamento, 2022 registrou R$ 5.5 bilhões em vendas, sendo que em 2021 foi R$ 5.83 bilhões, uma queda de 6%.
Livros digitais
Por outro lado, a pesquisa “Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro” mostra que o faturamento total com conteúdo digital em 2022, alcançou um crescimento nominal de 35%, impulsionado pelo aumento de 69% do faturamento de Bibliotecas Virtuais e pela inserção do subsetor de didáticos através da categoria Plataformas Educacionais. Apesar desse crescimento, o conteúdo digital continua representando 6% do mercado editorial brasileiro.
O faturamento das editoras com a venda à la carte (uma unidade inteira), representa 54% do conteúdo digital comercializado. As outras categorias de faturamento (assinatura, plataformas educacionais, bibliotecas virtuais e etc), representam os 46% restantes.