Neste sábado, 6 de setembro, o Galpão Pátria Livre, localizado na Pedreira Prado Lopes, em Belo Horizonte, inaugura oficialmente o seu Ponto de Cultura. O evento de lançamento, batizado de Festival Diroxa, marca a retomada das atividades culturais na comunidade após a conclusão da reforma do telhado. O festival também servirá como palco para apresentações de artistas locais e parceiros do projeto.
Camila Oliveira, idealizadora do projeto, destacou a importância da conquista. “Este não é apenas um galpão reformado. É um território que, após anos de luta, conquistou o direito de existir oficialmente como espaço cultural”, disse ela. “O Diroxa/lab nasceu para possibilitar as expressões culturais em espaços historicamente negligenciados, transformando a arte da favela em políticas públicas. Hoje, entregamos à Prefeitura de Belo Horizonte e ao Estado um modelo de ocupação cultural que é moderno, sustentável e profundamente enraizado.”
O Ponto de Cultura Pátria Livre já funciona como um centro de produção cultural desde 2016, oferecendo oficinas gratuitas de dança, percussão, audiovisual, grafite e formação artística. No entanto, a falta de infraestrutura adequada, especialmente um telhado danificado, colocava em risco a continuidade das atividades e a segurança de todos.
A aprovação do projeto de reforma em um edital público da Fundação Municipal de Cultura permitiu não apenas a reestruturação do telhado, mas também a consolidação de um modelo de gestão coletiva e a garantia da continuidade das oficinas. A conquista é celebrada como um ato de reexistência territorial em uma área historicamente afetada pela especulação imobiliária.
Um território de memória e resistência
A Pedreira Prado Lopes, a favela mais antiga de Belo Horizonte, é um berço histórico do samba e do carnaval na cidade, nesse contexto, o Galpão Pátria Livre se estabelece como um espaço de resistência e autogestão, onde já foram realizadas diversas ações sociais, como a distribuição de cestas básicas e refeições durante a pandemia.
Reconhecido por editais da Lei Paulo Gustavo e pelo Prêmio Culturas Populares Sérgio Mamberti, o projeto Diroxa fortalece o objetivo do Pátria Livre de criar um circuito autônomo e sustentável de cultura popular e periférica. A iniciativa também busca ampliar a articulação local e fomentar a economia solidária, reforçando o território como um legítimo polo de produção cultural.
A programação do festival foi planejada para ser acessível e inclusiva. A entrada é solidária: os participantes devem doar 1 kg de alimento não perecível ou um item de material escolar. As doações serão destinadas a pessoas em situação de vulnerabilidade e a estudantes da Ocupação Culturais Pátria Livre.