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Você também está cansado, sem energia e desanimado?

A questão é complexa e envolve múltiplos fatores

Cansaço

A cada 10 consultas, pelo menos um paciente traz o mesmo questionamento: “Estou cansado; sem energia e com falta de ânimo”. “Acho que minha imunidade está baixa!”.
Curioso é que os pacientes têm diferentes idades, vivências e profissões, mas têm experimentado a mesma sensação.

A questão é complexa e envolve múltiplos fatores: qualidade ruim do sono; sobrecarga de trabalho; excesso de mídia; alimentação inadequada; falta de atividade física; instabilidade dos relacionamentos e, claro, algumas doenças.

Anemias

A anemia (existem diversos tipos!) por alteração do ferro deve ser investigada no paciente que apresenta cansaço. As causas mais comuns de anemia podem estar relacionadas com restrições alimentares de origem animal, carne vermelha, ovo, laticínios, cereais. Vegetarianos e veganos devem sempre avaliar sua saúde.

A dificuldade de absorver o ferro no duodeno (primeira parte do intestino delgado) também gera anemia e, consequente, cansaço. Cirurgias, como a bariátrica (redução do estômago); intolerâncias a lactose e glúten; e doenças inflamatórias intestinais, como Chron e retocolite ulcerativa são alguns exemplos.

A perda de sangue também pode resultar em anemia e trazer fadiga. Menstruação excessiva, hemorroidas, úlceras no estômago e intestino, pólipos e cânceres intestinais, são causas comuns de baixa de ferro no organismo.

Distúrbios da tireoide

A alteração no funcionamento da glândula tireoide, que fica na parte baixa do pescoço, tanto para mais (hipertireoidismo) ou para menos (hipotireoidismo) podem resultar em falta de energia.

Deficiência de vitamina B12

O baixo consumo de vitamina B12 pode gerar fadiga e também formigamentos. Esse nutriente participa de funções do sistema nervoso. Sem ele, a mielina, material que “encapa” as células nervosas, sofre desgaste. Também encontrada em alimentos de origem animal e folhas verdes escuras, essa vitamina é absorvida no estômago e no íleo (terceira parte do intestino delgado).

Vegetarianismo, veganismo, abuso de álcool e o uso prolongado de alguns medicamentos (antiácidos e metformina, esse último muito usado para diabetes) podem resultar em baixa dessa vitamina.

Hipovitaminose D

É um nutriente ativado na pele e nos rins, após exposição solar, que favorece a absorção de cálcio pelo intestino. Tem importância na formação e fortalecimento dos ossos e dentes. Sua deficiência está relacionada ao raquitismo, à osteomalácia e à osteoporose (doenças ósseas), e pode gerar fadiga, dores e fraturas, em casos extremos.

Está presente em alimentos de origem animal, principalmente os peixes. Quanto à necessidade do sol, a Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda a exposição de 5 a 10 minutos diários, evitando os horários entre 9 e 15 horas.

Insônia

Associação Brasileira de Medicina do Sono informa que 73 milhões de brasileiros podem ter um ou mais sintomas sugestivos de insônia.

O transtorno da insônia caracteriza-se por uma dificuldade de iniciar o sono; de manter o sono; despertar precoce e / ou sono não restaurador, em média 3 vezes por semana, por no mínimo 3 meses.

Estudos mostram que os indivíduos com insônia apresentam alterações do humor, ansiedade e redução da capacidade de concentração, memória e atenção, irritabilidade, fadiga, falta de energia e desconforto físico, como dor.

Outras doenças

Dengue, covid, doenças reumatológicas, hematológicas (do sangue), endocrinológicas (hormonais), alguns cânceres, doenças pulmonares e cardiológicas são mais algumas das causas que podem constar nessa longa.

Por fim, são muitos os motivos que podem levar a uma sensação de cansaço. Sugiro um olhar sincero e cuidadoso para seu corpo, suas atitudes e seus hábitos. Mudanças podem ser necessárias para restabelecer a qualidade de vida.

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Fabiana Lemos é jornalista e médica. Membro da Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Trabalhou no Caderno Gerais do Jornal Estado de Minas, de 1997 a 2003. Foi concursada da Prefeitura de Belo Horizonte e atuou como médica no SUS, de 2012 a 2018. Foi professora de Medicina pela UNI-BH, até 2023. Atualmente, atende em consultório.

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.