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Plano Safra entra em campo

A partir de agora o Brasil vai jogar para ser campeão de novo!

Plano

Está lançado o Plano Safra. Com a divisão da agropecuária em 2 grupos, o empresarial e o dos pequenos e agricultores familiares, não podemos afirmar que os valores anunciados pelo governo tenham extrapolado as expectativas, porque o limite do dinheiro é o “sempre um pouco mais.”

Porém a correção aplicada em relação ao oferecido ao agropecuarista ano passado, 340 bilhões de reais, ficou de bom tamanho. Agora, é começar os trabalhos já que na semana que vem os produtores entram na fase de preparação do plantio, muitos indo primeiramente aos bancos para buscar sua grana.

Vai começar mais uma corrida em busca de novos recordes nacionais e internacionais na agropecuária e no agronegócio brasileiro. E com certeza, nossas medalhas de ouro, prata e bronze já estão separadas para serem entregues aos produtores que já dominam o podium do mais importante campeonato mundial, cujo objetivo principal é garantir a segurança alimentar do planeta.

Passou a fase festiva e política! A partir de hoje, os produtores vão cuidar de suas indústrias rurais e cabe ao governo seguir tudo aquilo que foi falado, porque esse grana não tem garantia imediata e muitas vezes um atraso nos projetos do agricultor pode trazer consequências danosas. Ano passado, houve atraso num repasse ao produtor assustando todos os demais.

Não podemos nos esquecer que esse ano estamos sob a guia do El Niño, que prometeu inverter tudo que sua irmã La Niña fez na última safra.

Já comentei sobre isso em outras colunas. Os estados do Norte e Nordeste que nadaram em enchentes nos últimos 12 meses, agora vão se derreter com o sol que queimou boa parte das lavouras da Argentina e Sul do Brasil. Paraná, São Paulo e Minas Gerais ainda estão sob risco de frentes frias e geadas que poderão afetar a cana de açúcar, café, frutas e hortaliças.

Nunca é demais relembrarmos da morte de mil e quinhentas cabeças de gado no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul pelo frio abaixo de 5 graus que passou pela região.

O Plano Safra continua repercutindo no mercado do agro. O grupo empresarial concentra suas reclamações em cima dos juros altos, praticamente os mesmos do ano passado.

O plano que contempla os pequenos e os agricultores familiares teve menos choro e mais vantagens nos juros que serão aplicados. Podemos dizer que o governo cumpriu sua palavra.

O Plano Safra, pelo menos no papel e no discurso, nos mostra que a intenção das autoridades é incentivar a nossa agricultura sustentável, que o próprio presidente e seus ministros vem rasgando elogios de tempos recentes pra cá.

Hoje, a ministra Marina Silva derrapou ao dizer que está começando a agricultura sustentável 1.0. Só que ontem ela afirmou que somente 2% dos produtores não respeitam as leis ambientais, de desmatamento, no Brasil!

O ministro Fernando Haddad disse que a agricultura empresarial e a familiar precisam se unir!!!

Uai! Quem cometeu esse grave erro de separar os ricos e os pobres que sempre estiveram juntos? Mas o perdão existe para todos, ainda mais quando a mudança de opinião é muito recente! O risco de equívocos é maior.

E continua em aberto uma explicação para o seguro rural de extrema importância para o produtor, que administra sua indústria a céu aberto durante 365 dias por ano.

O Programa de Subvenção ao Seguro Rural tem 1,06 bilhão até dezembro/23. O Ministério da Agricultura temendo que essa quantia se esgote no início de agosto fez novo pedido. Entretanto, a Junta de Execução Orçamentária vetou o pedido do Mapa. Outras negociações virão por aí!

O uso do CAR - Cadastro Ambiental Rural - também pode ser um “prego na botina” do produtor rural na hora de buscar desconto no financiamento bancário. Lançado em 2012, no governo Lula, o CAR não avançou e somente 20% estão com documentação em dia. E somente os 20% poderão ter benefício no financiamento?

Inegável que o governo está incentivando os pequenos produtores a plantarem arroz, feijão, mandioca, tomate e produzirem ovos e leite. Os juros para a agricultura familiar ganham boa redução no Plano Safra. Haverá também um tratamento diferenciado para mulheres do campo, quilombolas e povos indígenas.

Vamos aguardar, torcendo para o nosso agronegócio continuar entre os maiores do mundo e alimentando também o povo brasileiro.

Produtor rural no município de Bambuí, em Minas Gerais, foi repórter esportivo por 18 anos na Itatiaia e, por 17 anos, atuou como Diretor de Comunicação e Gerente de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube. Escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo.