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Muita chuva, gado com sede e leite perdendo

Pequeno produtor sofre com falta de energia

Tornado filmado em Bambuí nesta semana

Estamos entrando na tecnologia 5G. O agropecuarista busca ampliar seu campo tecnológico porque é preciso aumentar a produção com sustentabilidade, qualidade e custos menores. Falamos dos grande produtores de leite, carne, soja, milho, feijão, arroz, trigo, café e demais produtos que compõem a cadeia do agronegócio.

Porém, temos que repensar a cada dia aqueles que trabalham com a agricultura familiar, que usam o PRONAF e necessitam das vantagens oferecidas pelo governo federal. Todos os “caciques” do agro que produzem toneladas para atendimento interno da população e a exportação sabem que eles são responsáveis por isso.

Só que o alicerce para que os grandes possam produzir, promover o país lá fora e exportar trazendo dólares para o nosso mercado, é construído pelos pequenos e médios produtores. São eles, que somando todas as dificuldades, nos trazem até 70% da produção nacional dependendo do setor. O leite é o exemplo mais claro disso!

Mas os pequenos e médios produtores parece-me que ainda não foram “cadastrados” na Tecnologia 5G. E verifico isso após os últimos dias de intensas chuvas, raios e tornados. Entre as regiões atingidas a pior delas é o centro-oeste mineiro. Lagoa da Prata, Moema, Luz, Iguatama, Córrego Danta, Bambuí, Medeiros, Tapiraí foram muito atingidas e a maioria delas ficou sem energia elétrica na zona rural.

O desastre climático aconteceu na segunda-feira por volta de 4 horas da tarde com queda total da energia elétrica em varias cidades nas redes elétricas rurais. Sabemos que a Cemig não tem “guarda-chuvas” para proteger as suas redes mas um plano de emergência é muito importante em momentos como esses.

Sabemos da capacidade de cada profissional que compõe o grupo de trabalho da sua cidade, porém é um número totalmente insuficiente para grandes problemas como esse. Como resolver eu não sei, mas tenho absoluta certeza que a solução necessita de velocidade.

Hoje, quinta-feira, até o meio dia ainda havia locais sem energia. Sei também que os profissionais entram mato a dentro, barro no joelho enfrentando todos os riscos mas sei também que a Cemig não costuma perdoar quem atrasa a conta. O produtor quer simplesmente uma via de mão dupla. E como os adversidades climáticas vem aumentando a cada dia torna-se ainda mais necessária a criação de alternativas eficazes.

É inadmissível ver os produtores de leite que pouco mais de 60 dias atrás estavam apavorados com o preço do litro de leite pago pelas indústrias. Quando a cadeia se equilibra vem 3 dias de leite jogado fora, ou seja, 10% da produção indo embora. É pouco menos que o lucro escorrendo pelo rural. Quase um mês trabalhando para pagar as contas.

E o gado passando sede debaixo de tanta água. Nem todos têm um córrego dentro da propriedade. Poço artesiano não funciona sem energia elétrica. Imaginem o desespero do produtor com o gado arrebentando cerca quando vislumbra água por perto ou numa propriedade vizinha!

Todos sabem que o ruralista cria seu bezerro e seu porco também para alimentar a família e para isso não da para viver sem uma boa geladeira e um freezer. É muito sofrimento para uma mãe de família que vê sua carne se perdendo por falta de energia elétrica. Sair correndo para a cidade buscar uma caixa de isopor cheia de gelo tentando não perder todo o estoque?

Não concordo! Inconcebível!

No mundo de hoje isso deveria ser um fato a ser contado como história antiga para os filhos na fazenda.

NOTA 1

A CONAB reafirma a possibilidade de uma safra grãos brasileira ano que vem com um volume ultrapassando a 320 milhões de toneladas. Na última safra o Brasil produziu 271 milhões de toneladas. A soja será o grão mais produzido ficando o milho um pouco mais atrás por causa dos altos custos hoje por hectare plantado. Tomara que não tenhamos tantas dificuldades climáticas como os de agora!

NOTA 2

A exportação da carne de frango brasileira continua em alta. Se vc vai a Copa do mundo do Catar seguramente vai comer frango halal do Brasil. O mundo árabe importa frango e carne bovina do Brasil em larga escala.

Produtor rural no município de Bambuí, em Minas Gerais, foi repórter esportivo por 18 anos na Itatiaia e, por 17 anos, atuou como Diretor de Comunicação e Gerente de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube. Escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo.