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Como a economia circular tem ressignificado o conceito do que é lixo?

Conheça o conceito de economia circular e entenda como ele se aplica também à vida cotidiana

Responsabilidade social ultrapassa ações pontuais, é a preocupação com a sociedade e com tudo o que a rodeia

Quando discutimos responsabilidade social, logo pensamos em ações de assistencialismo, como doação de alimentos a pessoas em situação de rua. Entretanto, responsabilidade social ultrapassa ações pontuais, é a preocupação com a sociedade e com tudo o que a rodeia. Por isso, hoje quero apresentar a você um tema muito importante: economia circular.

Mas, o que é economia circular?

Basicamente, economia circular é uma solução encontrada para minimizarmos o impacto humano dos produtos no meio ambiente. Ou seja, é o uso de uma matéria-prima até o esgotamento. É um novo conceito sobre o que é lixo e como devemos usá-lo; uma vez que, grande parte dos produtos e alimentos descartados poderiam ser reutilizados.

A economia circular está baseada em três pilares (ou etapas): extração inteligente de insumos; fabricação da matéria-prima e design de produto. Hoje, muitas empresas nascem com esses pilares para o negócio estar voltado para a sustentabilidade/ESG; além das grandes corporações, que entenderam não ser mais possível simplesmente fabricar e descartar sem se preocupar com o futuro do planeta.

Os catadores de recicláveis são um ótimo exemplo de agentes fundamentais em prol da economia circular. Quem nunca viu alguém recolher latinhas de alumínio? Essas latas seriam descartadas no lixo e se tornariam poluentes para o meio ambiente; entretanto, quando recolhidas, são recicladas. O impacto positivo pode ser ainda maior quando as empresas entendem a importância de atuar nesse movimento.

No Brasil, em 2021, a Novelis foi a responsável pela recuperação recorde de 21 bilhões de latas de alumínio; isso significa que 33 bilhões de latas foram recicladas no país.

O que todos precisam entender é que a economia circular precisa estar não só nos grandes negócios, mas sim, em novas e pequenas empresas. Em minhas pesquisas e estudos sobre o assunto encontrei iniciativas legais que têm dado muito resultado.

Por exemplo, no Instagram existe uma marca de bolsas e acessórios chamada Sou Regressa, que utiliza como matéria-prima pneus descartados: bolsas, carteiras e mochilas lindas de dar inveja a qualquer marca tradicional estrangeira.

Mas, posso ir além, quem diria que uma loja de roupas e acessórios infantis usados se tornaria um case de sucesso de franquias no Brasil?

A Cresci e Perdi é uma loja que atende mães que sabem o quanto as roupas dos pequenos duram pouco, com preço acessível e qualidade. Assim, o segmento antes visto com preconceito, o brechó infantil, se tornou um caso de sucesso. Isso se dá principalmente pela mudança de cultura, hoje a preocupação com o lixo, o consumo exacerbado e o desperdício, faz as pessoas pensarem diferente e entenderem o valor da economia circular.

Outra ferramenta que tem contribuído é o WhatsApp. Quem não participa de grupos de desapego? Minha filha estuda em um bom colégio da Zona Sul e, assim como eu, muitas mães participam de grupos de desapego de livros, uniformes dentre outros produtos escolares. Eu poderia também citar os grupos de desapego de móveis e roupas.

Para mim, o chique hoje é se preocupar com a sociedade e o futuro da humanidade. A economia circular é prova que o ESG não se enquadra apenas na estratégia das empresas e, sim, na vida e no cotidiano de todos nós.

A economia circular veio para ficar, e cabe a passarmos esse conceito adiante para as futuras gerações. Nunca a famosa frase de Lavoisier “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” fez tanto sentido!

Bruna Braga é jornalista, consultora em RSC e fundadora da Terceirolhar