Estamos acostumados a enxergar o ambiente empresarial como um local frio, nada acolhedor e competitivo. Indústrias como as de logística, transporte, mineração, siderurgia e construção civil são alguns exemplos de negócios onde o ambiente e a mão de obra são majoritariamente destinados à figura masculina.
Em outro artigo citei como o Capitalismo Consciente é um exemplo de modelo de cultura e gestão empresarial que busca dentre vários pilares a equidade de gênero dentro das empresas. Mas o que seria isso? Como uma presença maior de mulheres nas organizações poderia contribuir para os negócios?
A equidade de gênero se refere à igualdade de tratamento, direitos e oportunidades para homens e mulheres, sendo estes relacionados a qualquer tipo de atividade profissional, quanto a oportunidades e valorização em relação a sua competência e equidade salarial. Ou seja, é o objetivo social de não mais haver diferenças no tratamento entre homens e mulheres.
A verdade é que homens e mulheres são diferentes, mas em nada isso é ruim, uma vez que cada indivíduo possui características e modus operandi diferentes, mas sem um ser mais importante do que o outro.
O que tem acontecido agora é um despertar das empresas com o fato de que a presença feminina em funções antes predominantemente masculinas têm sido fundamentais para um ambiente organizacional muito mais leve e, principalmente, humanizado.
Isso se dá pelo simples fato de que as mulheres têm o instinto maternal, mesmo as que ainda não sejam mães de fato. Elas possuem características únicas, tais como empatia, amor ao próximo, acolhimento, além de buscarem entender mais e julgar menos os liderados, conseguem exercer diversas funções ao mesmo tempo (é como as mães em casa, que ao mesmo tempo conseguem cozinhar, lavar a louça, fazer o para casa, assistir o MBA e amamentar o filho mais novo), mulheres são multitarefas.
Mas longe desta colunista dizer que somos melhores que os homens, a meu ver, somos complementares e essenciais da mesma forma e, por isso mesmo, devemos ter os mesmos direitos e deveres.
Esse jeito “mãe de ser” das mulheres pode ser bem exemplificado também no Terceiro Setor.
Segundo matéria do Portal do “Impacto,” a pesquisa “Perfil das Organizações Sociais e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público em Atividade no Brasil”, também do Ipea (2020), apresenta que as mulheres são as mais empregadas pelas ONGs que têm títulos de Organização Social (OS) ou Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip): cerca de 72% nas OS e 64% nas Oscip.
As mulheres também são propensas a realizar mais doações, de acordo com a pesquisa Brasil Giving: um retrato da doação no Brasil, e fazem mais trabalhos voluntários do que os homens, segundo a publicação “Outras formas de trabalho”, do IBGE (2019).
Não raramente escutamos alguns colaboradores dizerem que uma líder é como uma mãe para ele, ou que a empresa é uma mãe. Comprovadamente, empresas que possuem maior presença feminina em suas lideranças, que valorizam a mulher e geram a estas oportunidades, são mais lucrativas e possuem um ambiente organizacional mais saudável.
Ao contrário do que sempre escutamos, precisamos entender que sim, somos todos iguais, uma vez que somos humanos, mas somos diversos e é preciso que haja o respeito acima de tudo.
Empresas são feitas de pessoas, esse é o principal combustível para qualquer negócio e entender que todos merecem ser vistos como seres únicos e importantes.
Ainda estamos distantes do ideal, mas importantes passos já estão sendo dados por grandes empresas que já entenderam que sim, mulheres podem operar grandes máquinas, pilotar aviões. Mulheres podem atuar em qualquer função desde que esteja apta a fazer e preparada. Acreditem, o pior vilão da escassez de mão de obra feminina não é o preconceito, mas sim, a falta de capacitação e comunicação.
Sim, muitas mulheres, por uma questão cultural, não se imaginam em determinadas funções, muitas vezes porque sequer foram lembradas de que são capazes de exercê-las.
Por isso, é fundamental que aconteçam mais eventos como o que tive o prazer de mediar nesta semana, após o Dia das Mães da Cenibra Celulose e Papel, que teve a brilhante ideia de promover a Semana da Diversidade, onde mediei uma roda de conversa sobre equidade de gênero e falamos muito sobre os desafios, características e valores das mulheres nas organizações.
Me emocionei com as histórias de quatro colaboradoras incríveis: a Sandrinha sonhava ser operadora de grandes máquinas e, através da oportunidade de seu chefe, hoje é a primeira mulher a operar uma máquina de 19 toneladas. Ela também é chamada de coração pelo seu time e traz uma leveza e alegria que contamina positivamente a todos.
Ana Maria é mãe de dois filhos, líder de TI, e sabe aquele caso citado no início do texto do poder de uma mulher ser multitarefas? Ela foi a minha inspiração através do seu relato emocionante.
A Vasty é gestora de manutenção e deu uma aula de positividade e de como a mulher tem importantes qualidades, como as da organização e atenção, o que faz toda diferença na excelência da sua função.
Paula é da área de produção, é engenheira química, e contou como a mulher tem coragem e capacidade para atuar em locais onde há risco e que exige uma habilidade tão feminina como a concentração.
O exemplo da Cenibra serve como inspiração para que muitas outras empresas comuniquem e trabalhem na construção de uma cultura respeitosa, inclusiva, diversa e com equidade de gênero.
A verdade é que somos todos iguais perante a Deus, diversos quanto às nossas características e valores, únicos como seres humanos e todos imprescindíveis para que a vida aconteça dentro e fora das organizações.