É tempo de homenagear os professores brasileiros, afinal, estamos no mês de outubro e sabemos da importância que esses profissionais têm para promover a aprendizagem das crianças, adolescentes e jovens e, assim, contribuir com o desenvolvimento do país. Eu, que sou filho de uma professora que tanto fez pela educação, não me canso de contar histórias de professoras e professores que marcaram a minha vida, fazendo diferença para o meu crescimento pessoal, cidadão e profissional. Nesse artigo vou contar sobre três: Marina, Maria Lívia e Antonio, com algumas de suas atitudes mais marcantes.
Começo falando da Marina. Foi minha professora de português na antiga sétima série. Devo admitir que só pelo fato de ser professora de português já garantia muita simpatia da minha parte. Mas não é só isso que fez com que Marina fosse marcante. Ela era exigente e, ao mesmo tempo, extremamente comprometida com a aprendizagem dos alunos. As redações que escrevíamos durante as aulas eram cuidadosamente lidas por ela, que mostrava curiosidade em saber mais sobre nossas histórias de vida e interesse em fazer nossa criatividade na escrita crescer. Me sentia importante, instigado a escrever cada vez mais e melhor. Cá estou, escrevendo até hoje, sem intenção de parar!
Já Maria Lívia, foi minha professora de arte, na escola, nos anos que eu morei em Angola, país africano, na década de 1980. Quem me conhece vai pensar que a estou mencionando pelo fato de ela ser minha mãe, hipótese que não precisa ser descartada. Mas quero destacar algumas de suas características como professora: problematizar e transformar o mundo. Com ela aprendi que a arte não existe para explicar ou ser explicada, mas para questionar, promover reflexão e transformar, dentre tantos outros aspectos. Mais do que isso, ela tinha uma rotina de interação muito próxima com os alunos: sabia o nome de cada um, conhecia o “traço” singular do desenho de todos, tinha uma escuta sobre as questões que traziam para a sala de aula. A gente chama isso de “pequenos-nadas”, ou seja, alguns cuidados que parecem simples, mas que fazem toda a diferença para as pessoas. Há 30 anos, passou a se dedicar a formar professores, multiplicando o impacto do seu trabalho na educação.
Por falar em grandes feitos, quero fazer menção ao Antonio Carlos, um professor da vida, afinal, não fui seu aluno nos bancos da escola ou da universidade. Sua serenidade, sabedoria e consistência ao falar sobre temas de grande importância e complexidade para quem trabalha com educação me marcaram para sempre. Alguns o chamavam de “Biblioteca ambulante”, porque era extremamente estudioso e recorria às ideias de outros para pensar as questões que trazíamos para o debate. Mas Antonio não era só um grande pensador da educação, ele fazia acontecer. Participou do grupo que redigiu o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um marco para a garantia dos direitos dessa parcela da população. Foi um defensor da participação efetiva dos estudantes na escola, nomeado por ele como Protagonismo Juvenil, e da efetivação de uma educação voltada ao desenvolvimento integral de todos os estudantes. Estamos, ainda hoje, vivendo repercussões de sua forma de pensar a educação, a escola e as relações entre professores e estudantes.
Meu abraço afetivo aos mais de 2,3 milhões de professores da educação básica em todo o Brasil, com o reconhecimento da sua importância para o desenvolvimento de nosso país.