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Que vitória sobre o Alianza Lima seja um divisor de águas para o Galo em 2023

Com Igor Gomes como herói improvável, Atlético somou os primeiros três pontos na fase de grupos da Libertadores.

Igor Gomes foi o autor dos dois gols do Galo na vitória contra o Alianza Lima

Pressão, desfalques, desconfianças... Para além do Alianza Lima, adversário dentro do campo, o Atlético precisou driblar também esses outros problemas para alcançar a sua primeira vitória na fase de grupos da Copa Libertadores.

E o Galo não só venceu, mas também apresentou, ao meu ver, um dos desempenhos mais convincentes na temporada até aqui. Isso sem desconsiderar, claro, as limitações mostradas pela equipe peruana. O placar de 2x0, inclusive, foi magro diante das inúmeras oportunidades de gol criadas.

O Atlético teve muito volume de jogo, empurrou o adversário, não sofreu defensivamente, mas continua apresentando um defeito que insiste em acompanhar o Galo: as incontáveis falhas na hora de concluir as jogadas. Vargas, Zaracho, Pavón, Jemerson e Hulk... todos eles tiveram a chance de abrir o placar e erraram. E se o Atlético quiser brigar por títulos na temporada, esse defeito precisa ser corrigido.

Mas a postura do time em campo agradou. E isso passa pelos méritos do técnico Eduardo Coudet, que vem mostrando ao longo dos últimos jogos que a sua permanência na Cidade do Galo era a opção mais viável para o momento.

Apesar de ainda achar que o treinador roda demais o time, para a partida de ontem Coudet não tinha muita opção. Sem poder contar com Paulinho e Mariano suspensos, além de Saravia, Lemos e Patrick fora de combate, o técnico precisou mudar a escalação e também o seu esquema tático.

E essas mudanças beneficiaram o time e mostraram que o Atlético está ampliando o seu repertório tático, conseguindo se adaptar a diferentes adversários.

Com três zagueiros em campo, Bruno Fuchs defendia como um lateral-direito mas contribuía ativamente na saída de bola, com muita qualidade no passe. Pavón e Rubens atuaram bem abertos pelos lados, explorando o corredor e com liberdade para chegar até a linha de fundo, fazendo com que a equipe tivesse mais profundidade e alargasse o campo, o que consequentemente abriu espaços na defesa adversária.

O técnico ainda colocou Igor Gomes como um meia mais pela esquerda, enquanto Zaracho atuava mais pela direita, promovendo boa movimentação ao time. Ao não escalar Edenílson, Coudet evitou ter mais um homem pelo centro do campo, setor já muito congestionado pela postura extremamente defensiva dos peruanos.

Mas é fato que a quantidade de gols perdidos preocupa (e muito). Sem eles os resultados não virão. E as vitórias são indispensáveis para que o trabalho do técnico e dos jogadores siga tendo respaldo e conquiste, cada vez mais, a confiança dos torcedores.

Ainda espero que o Galo jogue mais bola. O elenco tem qualidade para isso.

E também espero que a vitória contra o Alianza Lima, que foi suada, conquistada na base da insistência, sirva como referencial para o restante do ano. Que seja um verdadeiro divisor de água e que o time, a partir de agora, somente evolua e não mais apresente um futebol improdutivo como já visto anteriormente.

Nathália Fiuza é comentarista da Rádio Itatiaia e escreve diariamente aqui.