A Samarco projeta uma queda brusca nos valores repassados à Fundação Renova, criada em 2016 a partir de um acordo com o MP para reparar e indenizar atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, controlada pela mineradora.
Segundo dados publicados em uma apresentação com projeções do plano de negócios da empresa, divulgada nesta semana, a projeção de repasses para a Renova para 2023 chega a R$ 17,5 bilhões, com o valor diminuindo para R$ 9,7 bi em 2024, R$ 3,7 bi em 2023 e, a partir de 2026, R$ 852 milhões. A projeção para 2029 é um repasse de R$ 165 milhões.
Apesar do montante projetado para 2023 chamar a atenção, a Renova tem um orçamento de R$ 8,1 bilhões aprovado para este ano - quase metade do que a Samarco diz estimar de investimentos na fundação.
Questionada, a assessoria da mineradora afirmou, por nota, que o valor previsto para aporte corresponde a “previsão orçamentária, considerando também riscos potenciais advindos de decisões judiciais e outros eventos fora do controle da companhia”.
Os valores gastos com a Fundação Renova têm sido acompanhados de perto por conta das negociações, já avançadas, pela repactuação do acordo de indenização ao Estado. Na mesa de negociações, a Samarco impõe que os gastos com a Fundação Renova sejam abatidos do valor total do acordo - atualmente, os Estados de Minas, Espírito Santo e a União negociam com a Samarco, Vale e BHP Billiton um acordo de reparação na casa dos R$ 90 bilhões.
Segundo a Renova, com o orçamento aprovado para 2023, o gasto com ações de reparação e compensação desde novembro de 2015 chegará a R$ 36 bilhões em dezembro deste ano. A fundação aponta que “a maior parte dos recursos (65%) vai para indenizações e reassentamentos, áreas que caminham para a conclusão”.
Em nota, a Samarco pontuou que “reforça seu compromisso com a reparação integral dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, viabilizando medidas de reparação em favor da sociedade. Até janeiro de 2023, com o apoio das acionistas, já foram indenizadas mais de 410,8 mil pessoas, tendo sido destinados mais de R$ 28,42 bilhões para as ações executadas pela Fundação Renova”.
O rompimento da barragem de Fundão, em novembro de 2015, matou 19 pessoas e gerou dano ambiental ainda incalculável.