Ouvindo...

Inadmissível: repórter da Itatiaia é agredido durante exercício da profissão

Quero repetir a Nota de Repúdio assinada por nossa diretora Maria Claudia Santos, a propósito da agressão de um colega que só queria cumprir seu dever

Fachada da Itatiaia

“A Itatiaia repudia com veemência a agressão sofrida pela nossa reportagem no exercício da profissão, na noite do último sábado. Fomos todos agredidos, na pessoa de um dos nossos repórteres, enquanto fazíamos o nosso trabalho, de acompanhar uma denúncia de importunação sexual contra uma menina de 13 anos, registrada pela PM. A agressão física e o confisco do material de trabalho do nosso colega de trabalho ocorreu quando esperávamos e insistíamos para ouvir o outro lado, prática indelével do jornalismo ético da Itatiaia. A Itatiaia não vai se calar, se intimidar por nenhum tipo de ameaça. Nós sempre fomos a voz da população e quando somos vítimas de violência dentro de uma delegacia, nos colocamos no lugar dos cidadãos comuns que não têm microfones para tornar público eventuais abusos do tipo. Em nome disso, deixamos o nosso grito, nossa certeza de que o “isso não vai dar nada para mim” caberá cada dia menos em nossa sociedade. Sim, somos todos passíveis das mesmas leis, somos todos cidadãos iguais que devem ser submetidos aos rigores da lei. Somos todos cidadãos com o direito de sermos protegidos dentro do local que simboliza a segurança pública, uma delegacia! A Itatiaia não se cala e sempre gritará por justiça”.

Preciso lembrar que em dezembro de 2014 dois policiais civis invadiram o estúdio da Itatiaia e prenderam um homem que dava entrevista ao vivo, sem, sequer, esperar que a conversa fosse concluída. O delegado responsável pela ação, abrupta, desnecessária e arbitrária, foi promovido. Agora, quando o colega queria oferecer ao agente de segurança a oportunidade de defesa, diante de acusação gravíssima, levou um soco no estômago e teve seu equipamento de trabalho confiscado.

Inaceitável

O momento é propício para repetir poema de Eduardo Alves Costa quando ele adverte que se a gente não toma providências para estancar uma violência ela pode atingir níveis intoleráveis e quando já seremos incapazes de reagir:

“Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores,

matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada. (…)”

Antes de trabalhar no rádio, Eduardo Costa foi ascensorista e office-boy de hotel, contínuo, escriturário, caixa-executivo e procurador de banco. Formado em Jornalismo pelo UNI-BH, é pós-graduado em Valores Humanos pela Fundação Getúlio Vargas, possui o MBA Executivo na Ohio University, e é mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Agora ele também está na grande rede!