Depoimentos de parlamentares de partidos da centro-direita no inquérito presidido pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, ajudam a dar legitimidade à investigação que motivou a operação da Polícia Federal contra Mariângela Fialek, assessora do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP).
As denúncias relacionadas à destinação de emendas parlamentares foram o pivô do desafeto entre Lira e o deputado Glauber Braga (PSOL), que alegava ser perseguido pelo ex-presidente por causa do assunto. No processo, Flávio Dino colhe depoimentos de deputados e senadores de direita e centro-direita, incluindo do União Brasil, sigla que está federada com o PP, como é o caso do deputado federal José Rocha (UB).
Entre os ouvidos também estão a deputada Adriana Ventura (Novo) e o senador Cleitinho (Republicanos).
O deputado Federal José Rocha, por exemplo, presidia a Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados. Segundo o parlamentar suspenso, Glauber Braga (PSOL), Rocha um dia o procurou no plenário e confidenciou ter identificado procedimentos fora do padrão.
“Ele (José Rocha) basicamente disse o seguinte: ele é presidente de uma comissão. Ele recebeu uma lista para que aquelas emendas fossem executadas, liberadas, para que ele fizesse o encaminhamento dessa listagem de liberação. E essa lista modificava o entendimento original dos outros parlamentares da comissão e inclusive do próprio José Rocha, porque priorizava o Estado do Arthur Lira, Alagoas, e as demandas políticas dele. E que ele então não executou. Ele não fez esse movimento. E ao não fazer esse movimento, ele recebeu uma ligação do Arthur Lira, perguntando por que ele não tinha feito. E ele respondeu porque não pode ser assim, ou seja, não pode ser desse jeito”, relatou Glauber.
Ao STF, Rocha confirmou ter recebido listagem de emendas de Lira sem informação sobre destinatário. “Quanto eu assumi a comissão eu tomei conhecimento que tinha uma emenda de R$ 1.125.000.000,00. E logo no dia 11 de abril de 2024, eu recebi da presidência da Câmara dos Deputados, através da assessora Tuca, uma minuta de ofício, dirigida ao Ministro da Integração Nacional, acompanhado de uma planilha de indicações de recursos para os Estados, sem identificar quem eram os autores, quais eram os objetos e os beneficiários. Isso eu tenho registrado no meu WhatsApp”, confirma o presidente da Comissão.