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Atingidos por barragem da Samarco fazem protesto na porta da BHP em Londres

Grupo levou água do Rio Doce com lama e cartazes com fotos de pessoas que morreram no rompimento

Atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão fizeram um protesto, nesta quarta-feira (23), na porta do escritório da BHP, em Londres. As vitimas levaram um cartaz com fotos das pessoas que morreram no desastre, e com a seguinte legenda em inglês: “Eles são nossos pais, mães, filhos e filhas, BHP. Vocês se lembram desses rostos?”.

Uma faixa do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) trazia a seguinte frase: “Justiça pelo crime da BHP e da Vale no Rio Doce”. O grupo chamou a atenção de pessoas que passavam na rua e também das que estavam dentro do prédio. Algumas saíram para filmar a manifestação. Integrantes do MAB gritaram palavras de ordem em inglês e, segurando garrafas com água suja de lama, pediam justiça e diziam que aquela água poluída ainda é consumida no Brasil, nove anos depois do rompimento.

‘Bandido matou meu filho’

Mães que perderam filhos contaram parte de suas histórias. “Meu filho tinha apenas 7 anos de idade, ele tinha o sonho de ser policial quando crescesse pra matar bandido, mas veio a inversão da história: bandido matou meu filho com 7 anos [...] Eu não vou calar. Eu quero justiça [...] Estou aqui em Londres e vou voltar quantas vezes for necessário”, disse Geovana Rodrigues, mãe Thiago Damasceno Santos, que morreu aos 7 anos de idade arrastado pela barragem da Samarco.

‘Assassinos’

Pâmela Rayane Fernandes de Sena, mãe da meninda Emanuelle, que morreu aos 5 anos no desastre, também falou durante a manifestação. “Estou me sentido tão forte de estar aqui em frente a sede da BHP Bilinton pra poder falar que eles são assassinos e que eles vão pagar pela vida do meu povo, pela sonhos perdidos, pela vida levada, pela felicidade levada”, afirmou.

Além de vitimas que perderam parentes no rompimento, o grupo também tinha representantes indígenas, quilombolas e prefeituras de cidades atingidas. Todos permanecem em Londres até sexta-feira (25) quando termina a primeira semana do julgamento. A senteça será no mês de março.

A Itatiaia entrou em contato com a BHP e aguarda resposta.

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Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.