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Setor misto foi tomado por atleticanos em dia que futebol perdeu para mundo real

Segundo gol do Atlético no primeiro jogo da final do Mineiro fez explodir violência no ponto de convivência entre as duas torcidas

Segundo gol alvinegro fez explodir violência no ponto de convivência entre as duas torcidas

Não se pode ou deve criticar a iniciativa do América de fazer do setor VIP Minas um espaço misto no clássico deste sábado (1) que abriu a decisão do Campeonato Mineiro de 2023.

O Maracanã, por exemplo, tem setor com as duas torcidas em todos os clássicos cariocas e sem problemas.

Além disso, futebol é entretenimento e nele não deveria existir espaço para a intolerância.

Mas existe o mundo ideal e o real. E a realidade é que a ação acabou fazendo do espaço misto uma extensão da torcida atleticana, que já era maioria no Independência numa comparação visual entre quem estava na Rua Pitangui ou na Ismênia Tunis.

O VIP Minas não teve nada de misto. Era predominantemente um setor atleticano. E sobre a organizada mais vibrante do Coelho, a Barra Una.

Não que isso seja um problema. Seria incoerente ao pregar contra a intolerância e criticar o fato de uma torcida ficar acima da outra.

Mas aí volta o tal do mundo real. E não deixou de ser um risco à estratégia.

O segundo gol atleticano, de Hyoran, aos 34 minutos, explodiu o caldeirão.

Chuva de copos, agressão a seguranças pelos americanos, intervenção do Choque da PM e cenas de violência no que deveria ser festa.

Não se pode criticar a ação americana. Mas o torcedor mineiro, infelizmente, não tem educação para conviver com a diferença.

E estou generalizando sim, pois foi muita gente, dos dois lados, provando isso, num dia em que o América abriu mão do mando de campo numa decisão.

E na tentativa de acertar, errou ao colocar sua torcida como vidraça dos rivais. Uma pena que o real ainda vença o ideal nos estádios de Belo Horizonte.

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro