Ouvindo...

Março: mês da mulher, do respeito e da sobrevivência

Só quem sente a violência pode saber em que essa ferida se transforma

Estamos no mês de março, considerado o mês da mulher, no qual há inúmeros eventos e comemorações. Nesse ano, o “mês da mulher” coincidiu com o Carnaval e tivemos a triste constatação que, nessa época, os riscos contra a mulher aumentam.

Já em janeiro e fevereiro foram constatados que a violência contra a mulher aumentou, ou a mulher está denunciando mais ou realmente está sendo mais agredida em todos os aspectos.

Infelizmente, nesse ano, no dia 8 de março, dia internacional da mulher no qual se comemora a luta pela igualdade com os homens, dia de conquistas, dia de lutar pela vida tivemos na região metropolitana de Belo Horizonte, uma foto que chocou todo mundo.

Uma oficiala de justiça com o rosto sangrando. Ela foi agredida por um sargento da Polícia Militar no momento em que estava trabalhando. Segundo seu relato, ela foi cumprir um mandado rotineiro, quando aconteceu o fato. Ela perguntou pela pessoa intimada e o sargento se apresentou, só que durante a diligência ele afirmou que a pessoa que a oficiala procurava era seu enteado. Ela questionou e recebeu um soco e uma cabeçada, o que ocasionou um ferimento e muito sangue no seu rosto.

A violência contra a mulher é um ato covarde, praticado por homens fracos e também covardes, dignos de gente inescrupulosa e sem princípios básicos. Entretanto, o sangue resultante de uma violência só por ser visto quando a violência for física.

Sabemos que existem outras violências e muitas das vezes “esse sangue” não é visto pelos outros, mas apenas por quem sente. Só quem sente na pele e no corpo, pode saber. E ao longo do tempo essa ferida se transforma em doenças graves como câncer, depressão, tristezas, inseguranças e às vezes, em loucura mesmo.

Pela violência física praticada pelo sargento na oficiala ele responderá por 8 crimes. Na justiça comum, o sargento é suspeito de cometer os crimes de lesão corporal qualificada, falsa identidade, resistência à abordagem e desacato a autoridade. Na justiça militar, ele pode responder também por recusa de obediência, descumprimento de missão, ameaça e desacato a superior. Além de ter tido a prisão em flagrante delito convertida em prisão preventiva.

O fato chocou ainda mais pela conduta ser de um policial, ao invés de zelar pela segurança e tranquilidade pública, ele se envolve em conduta ilícitas, o que abala q credibilidade na Polícia Militar.

A pergunta que não quem calar é, compensa responder por tantos crimes por causa de uma agressão contra uma mulher?

Até quando estaremos vivendo aquela época barbárie de homem fala e mulher obedece?

Os crimes supostamente praticados pelo sargento estão previstos no Código Penal. Pela lesão corporal ele pode responder pela pena de detenção, de 3 meses a 1 ano, sendo qualificada e por ser mulher a vítima a pena será de reclusão de 1 a 4 anos. Além das penas dos outros crimes.

O mês de março precisa da conscientização dos homens de que nasceram de mulheres e essas não podem ser tratadas dessa forma.

Chega de mortes, de tapas, de socos!! Chega!!!

Leia também

Cristiana Nepomuceno é bióloga, advogada, pós-graduada em Gestão Pública, mestre em Direito Ambiental. É autora e organizadora de livros e artigos.
Leia mais