Você já deve ter ouvido falar de fórmulas para ganhar na loteria. Há até livros que ensinam a melhor forma de vencer esses concursos. Segundo especialistas, existe até um método por trás delas, já que se baseiam, por exemplo, em resultados passados, números ou sequências mais sorteados e lugares que, historicamente, tiveram mais vencedores.
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Essas análises, entretanto, não ajudam a prever resultados futuros. "É uma verdade frustrante porque todo mundo espera que exista um segredo”, afirma Fábio Machado, professor titular do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) em entrevista ao Tilt.
Um número sorteado nos 100 concursos mais recentes da Mega-Sena não tem mais probabilidade que qualquer outro de aparecer no próximo. A chance de uma dezena sair é a mesma em qualquer sorteio, não importa quais foram os resultados anteriores.
Machado aponta que o número 58, por exemplo, não aparece há 25 concursos. Para os veteranos de loteria, ele não seria indicado para jogar, mas Machado diz que nada impede que essa dezena seja sorteada no próximo. “Na USP, temos matemáticos brilhantes. Se houvesse fórmulas, nós estaríamos ricos há muito tempo”, diverte-se ele.
Para a Mega da Virada deste ano, o prêmio estimado é de R$ 500 milhões — o maior da história das loterias da Caixa. Os jogos podem ser feitos até as 17h de sábado (31) em casas lotéricas, pela internet ou pelo app Loterias Caixa, disponível para Android e iOS. O sorteio vai ser realizado no próprio sábado, às 20h pelo horário de Brasília.
É comum que os seres humanos tentem encontrar explicações para eventos aleatórios. A área da matemática dedicada a isso é a probabilidade. Há, ainda, a análise combinatória, que estuda os agrupamentos possíveis em um conjunto por condições predeterminadas. Mesmo assim, é impossível prever padrões.
Quando joga na Mega-Sena, o apostador escolhe no mínimo seis e no máximo 20 dezenas (entre 1 e 60). Vence quem acerta as seis dezenas sorteadas em uma mesma aposta. As chances de isso acontecer são de 1 em mais de 50 milhões na opção simples (de seis números, que custa R$ 4,50). Isso quer dizer que cada apostador tem 0,000002% de ganhar.
Quanto mais números se joga em uma mesma cartela, mais chances se tem de acertar seis dezenas. Ao fazer a aposta máxima permitida, de 20 dezenas, as chances de vitória aumentam, mas isso tem um custo: R$ 174.420. Nesse caso, a probabilidade de acertar as dezenas sorteadas é de 1 em 1.292.
Ganhar sozinho
Ser o único sorteado, especialmente com uma aposta simples, é extremamente raro: afinal, além de acertar as seis dezenas, é preciso que ninguém mais faça uma aposta igual. “A chance de ganhar é parecida com a de alguém que tenta encontrar uma moeda de R$ 0,25, de forma aleatória, em um campo de futebol oficial da Copa do Mundo”, compara Machado.
Em cerca de 180 milhões de apostas — uma média dos concursos anteriores —, a probabilidade de ganhar sozinho a Mega da Virada com uma aposta simples é de aproximadamente 1 em 1,8 bilhão, ou seja, 0,0000000548%.
Uma forma de aumentar as chances de vencer é participar de bolões — em grupos de amigos ou até em casas lotéricas —, mas nesse caso o prêmio é menor, uma vez que é dividido entre vários apostadores. “As chances são sempre proporcionais ao que se paga. Não há como pagar menos e ampliar as chances”, lembra Machado.
Ele comenta que, nos 50 concursos mais recentes da Mega-Sena, não houve vencedor em 80% deles. “Já em quase todos os jogos da Mega da Virada houve ganhadores porque o volume de apostas aumenta muito, assim como a probabilidade de alguém vencer”, explica.
Então, não existem estratégias para ampliar as chances de vitória dos apostadores quando eles escolhem os números que imaginam que serão sorteados na loteria. De acordo com os matemáticos, é na sorte mesmo. E aí, você vai arriscar?