A marca de biscoitos saudáveis Veganitos, produzida em Divinópolis, na Região Central-Oeste, se pronunciou no início desta semana, após ter sido alvo de uma operação que apontou problemas nas embalagens e suspeita de alto teor de sódio nos produtos, com risco à saúde e possibilidade de enganar o consumidor. A empresa afirma acreditar que está sendo alvo de intimidação por parte de concorrentes.
A ação foi realizada em 19 de agosto pela Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), em conjunto com o Instituto Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-ES), com foco no combate ao comércio de alimentos com informações nutricionais falsas. Cerca de 750 unidades do biscoito foram recolhidas em estabelecimentos de Vitória e Vila Velha.
De acordo com análises laboratoriais divulgadas pela PC, o produto, comercializado como saudável, apresentava alto teor de sódio, “o que pode trazer riscos à saúde”.
A primeira etapa da operação ocorreu em lojas especializadas em produtos naturais e suplementos alimentares, localizadas em dois shoppings de Vitória e Vila Velha, além de estabelecimentos nos bairros Praia do Canto e Jardim Camburi.
Nas redes sociais, Ira Araújo, criadora do Veganitos, rebateu a acusação: “Fomos surpreendidos pelo recolhimento de algumas unidades do nosso produto no Espírito Santo. Essa questão partiu de um sindicato que representa grandes indústrias do mesmo setor naquele estado. O que está em debate é apenas a divergência de informações na tabela nutricional, nada relacionado à saudabilidade e à higidez do nosso produto.”
O Procon-ES também identificou outros problemas nas embalagens, como a ausência do número de partida, o que compromete a rastreabilidade em caso de irregularidades. No comunicado da marca, porém, não houve menção à falta de transparência em relação às remessas.
A empresa destacou estar no mercado há mais de 10 anos, sendo que o biscoito já tem 8 anos de produção."Sempre fomos referência alimentar para vários profissionais de saúde e conquistamos a confiança dos nossos clientes no dia a dia. Nossa transparência e honestidade sempre foram os nossos maiores valores. Somos pequenos, mas não por isso vamos nos intimidar. As questões jurídicas já estão sendo resolvidas.” (
Em outro trecho, a criadora reforçou a confiança no consumidor: "É com você, consumidor, que temos o nosso maior compromisso. Nunca escondemos nada, nem nossa receita, que está aí para quem quiser e der conta de copiar. Seguimos firmes, mesmo diante dos desafios.”
No dia 21 de agosto, o Procon informou que uma investigação criminal será instaurada para apurar responsabilidades na produção. Dependendo do resultado, os envolvidos poderão responder por crimes contra as relações de consumo e contra a defesa do consumidor.
Na mesma data, o diretor de fiscalização do Procon-ES, Fabrício Pancotto, ressaltou, por meio de nota à imprensa, que a fraude é grave:
“Tudo que está na embalagem precisa ser verdadeiro. Identificamos uma grande quantidade de substâncias não declaradas na rotulagem. Esse tipo de prática tem sido cada vez mais comum, principalmente em linhas de produtos supostamente naturais. Muitos são vendidos como orgânicos ou vindos da fazenda apenas como estratégia para cobrar mais caro.”
A reportagem da Itatiaia entrou em contato com o órgão e aguarda retorno.
