A professora da educação infantil Cleonícia Aparecida Pereira, de 50 anos, enfrentava um câncer delicado na medula óssea — e não imaginava que faria parte da história da Santa Casa BH. No dia 10 de julho, ela se tornou a paciente número 1.000 a receber um transplante de medula no hospital.
“Correu tudo bem. Sofri alguns efeitos colaterais esperados, mas sem febre. Foi uma alegria imensa quando soube que eu era a milésima paciente transplantada”, contou Cleonícia, emocionada.
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Com mais de 50 anos de experiência em transplantes e atuando com medula óssea desde 2012, a Santa Casa BH mantém um centro especializado com 25 leitos. A responsável pelo setor pediátrico, a médica Raquel Neves, celebrou o marco.
“Estamos comemorando esses 1.000 transplantes, que representam mais de uma década de dedicação a adultos e crianças, com doenças malignas e não malignas. Para muitos desses pacientes, o transplante é a única forma de cura”, afirmou.
Como funciona o transplante
A médica explica que o procedimento consiste em substituir a “fábrica” do sangue do paciente, comprometida por doenças como a leucemia, por uma medula saudável. Após a quimioterapia preparatória, o paciente recebe as novas células-tronco, em uma transfusão semelhante à de sangue.
“O procedimento de infusão não é uma cirurgia. A coleta das células pode ser feita de forma cirúrgica ou por meio de um cateter, dependendo do perfil do doador. A decisão cabe à equipe médica”, completou a especialista.
Cadastro é simples e pode salvar vidas
Raquel destaca ainda que o principal desafio é encontrar doadores compatíveis, o que depende do banco nacional de voluntários. “O cadastro é simples e pode ser feito no Hemominas. Basta doar uma pequena amostra de sangue. Qualquer pessoa saudável, entre 18 e 35 anos, pode se cadastrar e ser chamada futuramente para salvar uma vida”, disse.
Ela lembra que, na maioria das vezes, o doador compatível não está na própria família, o que torna o banco de doadores ainda mais importante. “São famílias que enfrentam doenças graves e precisam do transplante para continuar vivendo. Por isso, cada novo doador é uma esperança”, ressaltou.
Esperança após o “dia da pega”
Após o transplante, o chamado “dia da pega” — quando a nova medula começa a funcionar — é um momento de celebração entre equipes médicas e familiares. Ainda assim, o caminho da recuperação exige acompanhamento, uso de imunossupressores e restrições. Mas a cada dia que passa, as chances de complicações diminuem.
“Comemoramos cada etapa. A vitória de um paciente é a vitória de todos nós”, concluiu a médica.