Ronnie Peterson Gonçalves da Silva, influenciador de 42 anos com mais de 284 mil seguidores no Instagram,
De acordo com a Polícia Civil (PC), Ronnie cometia os crimes pelas redes sociais, usando de chantagem, coação e ameaça. Segundo a investigação, ele exigia dinheiro para não divulgar informações comprometedoras sobre as vítimas. O investigado foi preso pela PCMG com apoio da Polícia Civil do Distrito Federal, onde vive, após a gravação de um dos seus programas.
Peterson cobrava até R$ 100 mil para não publicar em suas redes sociais e canal de notícias, informações negativas e degradantes em relação à vida profissional e pessoal das vítimas.
‘Jornalista, Marketeiro e armamentista’
Ronnie Peterson se apresenta na bio do seu Instagram como “Jornalista, Marketeiro, Comunicador, Diretor do Canal18ponto1 e Apresentador do Programa Na Rua Na Rede Na Raça, além de utilizar a hashtag #armamentista. Ele também aponta que é de Belo Horizonte, mas vive em Brasília, onde foi preso.
Nos stories e posts, publicados até uma semana antes da sua prisão, dava preferência a conteúdos profissionais, com cortes de seus programas, um deles inclusive transmitido por uma afiliada de grande emissora nacional.
Para além do âmbito profissional, divulgava passeios e viagens com seus familiares. Praias e resorts eram os destinos favoritos do homem. Ele também costumava participar de eventos com outros influenciadores.
O estilo de sua apresentação era informal, utilizando luvas de boxe, por exemplo, durante os programas. Ele também costumava se adjetivar como “o polêmico” e “amado por uns odiado por outros”.
O homem também publicava dicas para políticos em campanha e conteúdos de coaching motivacionais. Além disso, recentemente havia afirmado ser o garoto propaganda oficial da ASCOM Brasília.
Com ampla gama de entrevistados, entre políticos, como explicaremos mais abaixo, artistas e personalidades, Peterson também vendia espaço para entrevistados em seu programa.
Ronnie também fazia questão de registrar todo e qualquer encontro com personalidades, utilizando das situações para impulsionar sua “marca”. Em uma foto tirada com uma apresentadora de grande emissora, escreveu: “Simpatia em pessoa. O mais polêmico, na melhor churrascaria com a maior de todas as apresentadoras”.
Curiosamente, em diversas postagens, errava a grafia de nomes de personalidades e veículos de comunicação.
Embates políticos
Ronnie Peterson se notabilizou especialmente pelas “denúncias” e embates políticos. Com postura agressiva, costumava desafiar políticos e fazer acusações. Ao final da matéria, exibiremos alguns posts feitos por ele contra o prefeito de Santa Luzia, Paulo Bigodinho, uma das principais vítimas das extorsões das quais é suspeito.
Bigodinho, inclusive, foi o grande alvo de Ronnie nos últimos tempos. Porém, outros prefeitos de cidades da Grande BH também receberam ataques.
Ele costumava se gabar por “ir para cima” dos prefeitos e “dar pancada”, além de “desmascará-los”.
Por outro lado, Peterson costumava entrevistar e se encontrar com políticos e servidores públicos do meio. Além disso, aparece ao lado de políticos de direita e extrema-direita em vídeos informais.
Cobrava até R$ 100 mil
O delegado Fábio Lucas Gabrich Cruz e Silva contou que Peterson é investigado pelos crimes de extorsão, difamação e injúria contra autoridades públicas locais, sendo elas:
- O prefeito, Paulo Bigodinho;
- O vice-prefeito, Ilacir Bicalho;
- O secretário municipal de governo, Carlos Lomba;
- O secretário municipal de saúde, Rodrigo Inácio Alves Gazeto;
- O secretário municipal de finanças, Lincoln Cardoso.
Ronnie Peterson cobrava até R$ 100 mil para não publicar em suas redes sociais e canal de notícias, informações negativas e degradantes em relação à vida profissional e pessoal das vítimas.
Leia também:
O homem pedia R$ 40 mil à vista e o restante de forma parcelada, em meses ou anos.
A investigação ouviu as vítimas e analisou seus celulares, conseguindo, assim, coletar quantidade “robusta” de provas.
A PC apurou que Peterson enviava as matérias para as vítimas antes de publicá-las, como forma de coagi-las a aceitar as extorsões.
O que o suspeito alega?
Ronnie Peterson alega que uma agência o contratou para realizar tais postagens contra as vítimas e que, por ter relação próxima com algumas delas, entrou em contato para que houvesse acordo entre as autoridade e a dita agência para que não fizesse as postagens, já que teria que fazê-las por força de contrato.
Como ele já havia recebido valores para tal, seria preciso ressarcir a empresa para que não precisasse mais postar tais notícias negativas.
Porém, quando questionado sobre que agência seria essa, Ronnie preferiu ficar em silêncio. A PC informou que caso haja indícios de que realmente há uma agência participante das extorsões, esta também será investigada. Porém, até o momento, não há qualquer informação que aponte para este sentido.
Peterson já havia outras passagens pela polícia, já tendo sido indiciado por estelionato, crimes contra honra e é investigado por extorsão em outro município, tudo isso somente em Minas Gerais.
Após 8 anos, começa processo de mulher acusada de envenenar policial na Grande BH Após 2 meses, crianças desaparecidas são encontradas e entregues à mãe em Minas Homem é preso por estuprar jovem com deficiência intelectual na Grande BH
‘Amantes espalhadas pela prefeitura’
Ronnie Peterson vinha fazendo posts difamatórios em relação às vítimas. Em um dos posts, anunciou uma live com os seguintes dizeres: “Ficou sabendo? Nepotismo, rachadinha e amantes espalhadas pela prefeitura? Onde está a filha e o genro do antigo secretário? Hoje”.
Em um comentário, chamou o prefeito Paulo Bigodinho de “idiota, despreparado, desinformado e inútil”. Além disso, fez colagens depreciativas em uma foto do prefeito. Veja:
Noutro vídeo, chamou Paulo Bigodinho de “Tiktoker”, afirmando que o prefeito iria para uma “reunião secreta” em Brasília e que, por isso, ele iria colocar equipes de reportagem na porta de gabinetes para “chegar junto” do mandatário. Assista:
A Prefeitura de Santa Luzia informou à Itatiaia que não irá se manifestar sobre o caso, por se tratar de investigação em andamento sob responsabilidade da Polícia Civil de Minas Gerais.