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Maus-tratos, cárcere privado e tortura: veja detalhes de interdição de clínica de reabilitação na Grande BH

Familiares dos internos pagavam mensalidades de até R$ 2 mil pelo serviço da clínica

Delegado Diego Nolasco, que coordenou as investigações

O proprietário e mais dois responsáveis por uma clínica de reabilitação em Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foram presos em flagrante, e o local foi interditado após denúncias de condições inadequadas. A ação foi conduzida pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), com apoio da Vigilância Sanitária e do Ministério Público, no bairro Serra Azul e divulgada em coletiva de imprensa nessa quinta-feira (10).

A clínica abrigava 45 pessoas, incluindo adolescentes, idosos, dependentes químicos e pessoas com deficiência mental. Durante a operação, um veículo e diversos medicamentos foram apreendidos.

Os suspeitos foram autuados por cárcere privado, ministrar drogas sem observância das leis, posse ilegal de armamento e maus-tratos. A Polícia Civil também investiga crimes de trabalho escravo, já que internos eram obrigados a trabalhar sem remuneração, além de falsidade ideológica em receitas médicas.

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Irregularidades e maus-tratos

As investigações começaram após informações de que um interno sofria maus-tratos e vivia em condições degradantes. Em inspeção realizada na última segunda-feira (7), foram constatadas irregularidades como odor de fezes e urina, falta de médico de plantão e enfermeiros no período noturno, armazenamento inadequado de medicamentos controlados e ausência de documentação para internações compulsórias.

Internos relataram aos policiais agressões, alimentação insuficiente e permanência forçada. Segundo o delegado Diego Nolasco, coordenador das investigações, havia indícios de tortura física e psicológica. Pacientes que tentavam fugir ou desobedeciam às ordens eram agredidos e ameaçados.

O delegado também informou sobre a criação de uma “comissão de apoio ao paciente” (GAP), composta por internos que seriam responsáveis pela contenção de outros pacientes. Em algumas situações, pacientes foram agredidos fisicamente e dopados a ponto de fazerem suas necessidades na cama.

As mensalidades pagas pelas famílias dos internos chegavam a R$ 2 mil.

Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.