No Dia Nacional da Doação de Órgãos, a celebração dá lugar a um alerta urgente em Minas Gerais. Atualmente, mais de 8 mil pessoas aguardam na fila por um transplante no estado, com as maiores demandas sendo por córneas e rins. São cerca de 3 mil pessoas na espera.
O principal obstáculo para que essas filas diminuam é o baixo número de doadores. Quase 50% das famílias que têm parentes mortos ou com morte cerebral diagnosticadas, se recusam a doar os órgãos de seus entes queridos.
Para mudar esse cenário, o MG Transplantes está investindo em ações estratégicas para levar informações de forma igualitária a profissionais de saúde e familiares de possíveis doadores.
A gerente administrativa do MG Transplantes, Edileia Gonçalves, destacou a importância de levar informação para todos sobre o processo de doação e transplante e a importância de salvar vidas.
“Cada doador pode salvar até oito pessoas. Estamos em um momento de criação de políticas estaduais para incentivo à doação, não só como conscientização para a população, mas capacitação e engajamento da equipe hospitalar, até da rede privada, puxando para também conscientizar e levar essas informações para os usuários”, disse.
Gonçalves também destacou que o transplante no Brasil é 100% financiado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que o país possui o maior programa SUS de transplantes do mundo.
“O que a gente leva para os profissionais da área da saúde é saber falar do assunto, organizar o processo para demonstrar essa transparência. E, hoje, nós temos políticas e incentivo estadual para aumentar a doação e a qualidade do transplante realizando”, afirmou.
A gerente ressaltou: “Têm muitas pessoas precisando, muita gente aguardando em lista a oportunidade de continuar sua vida”.
‘Se não fosse o transplante, não estaria aqui’
Tatiana Aparecida Figueiredo, mãe de Maria Alice, conta que a vida de sua filha foi salva graças à doação de um coração quando a menina tinha 6 anos.
“Muito grata pela generosidade, pelo amor da família, que num momento tão difícil, de tanto sofrimento, pensou no próximo e conseguiu salvar a vida da Maria Alice”, disse.
“A doação de órgãos... ela vai muito além daquilo que a gente pode imaginar. É muito importante que a gente conscientize as pessoas porque, muitas vezes, a negativa vem da falta de informação. Então, a pessoa, quando vai ser doadora de órgãos, ela vai dar oportunidade para outras pessoas sobreviverem”, enfatizou ela, que conversou com a família doadora. “Ela me falou que a morte foi ressignificada”.
Hoje, Maria Alice, aos 14 anos, vive uma vida feliz e tranquila. “Por eu ter feito o transplante há tanto tempo, acabo nem lembrando de tão normal que minha vida é mesmo. Eu fico pensando o quanto mudou a minha vida e, se não fosse o transplante, eu nem estaria aqui para contar isso”, pontuou a adolescente.