A família de uma aposentada de 71 anos denuncia que a idosa foi vítima de descontos indevidos no salário por quase dois anos. A técnica em enfermagem Daniela Lopes, de 37 anos, neta da idosa, procurou a reportagem após a Itatiaia mostrar,
“Duas empresas fizeram descontos na pensão da minha avó sem autorização dela. Quando a gente entrou em contato, disseram que ela tinha dado permissão, só que minha mãe é leiga, é analfabeta, não sabe ler e não tinha noção do que estava acontecendo. Foram dois anos de descontos e, quando a gente descobriu, entrou na Justiça para fazer o cancelamento. Foi feito, mas a gente queria que eles ressarcissem os valores”, desabafa a neta da vítima.
No site oficial, a Aspecir diz ser uma instituição de Previdência Complementar Aberta que opera convênios para consignação empréstimos, com desconto em folha de pagamento, junto a organizações públicas e privada, fundada em 1937. Já a Sudacred é uma sociedade de crédito direto autorizada pelo Banco Central a conceder empréstimos e outros serviços.
Em meio ao processo para tentar a devolução do dinheiro, a família afirma que as informações sobre os descontos sumiram do
“O mais grave de toda essa situação é que o INSS apagou do sistema esses dois descontos que ocorreram ao longo desses dois anos — sendo o da Sudacred de quatro meses e o da Aspecir, de agosto de 2022 a julho de 2024. Então, o problema é que o INSS apagou, não há registros. A gente só tem como provar porque, na época, imprimimos e guardamos cópias dos descontos do salário dela”, explica.
Queixas registradas na plataforma Reclame Aqui mostram que o caso da idosa não é isolado. São quase 300 reclamações nos últimos seis meses, boa parte sobre cobranças indevidas.
“Desde agosto de 2024, minha conta-corrente vem sofrendo descontos mensais de R$ 79,00 feitos pela Aspecir Previdência, sem que eu tenha feito qualquer solicitação, adesão ou autorização para essa cobrança”, escreveu um aposentado no Reclame Aqui.
“Cobranças indevidas na conta sobre Aspecir no valor de R$ 59,90. Não foi autorizado em nenhum momento, eu não fiz isso”, queixou-se outro.
Queixas registradas na plataforma Reclame Aqui mostram que o caso da idosa não é isolado. São quase 300 reclamações nos últimos seis meses, boa parte sobre cobranças indevidas.
O que dizem as empresas?
Procurada pela Itatiaia, a Aspecir, que tem sede em Porto Alegre, informou que o caso foi encaminhado para o setor responsável e que seria respondido. Até o momento, a Itatiaia não recebeu qualquer retorno.
Já a Sudacred, que é de Curitiba, não se manifestou. O espaço segue aberto.
Polícia Federal
A Polícia Federal informou que não se manifesta sobre investigações em andamento, sem apontar se as empresas citadas são alvo de alguma apuração.
Banco Central
Já o Banco Central enviou somente um link com as empresas autorizadas a operar e com reclamações.
Caixa
A Caixa informou à Itatiaia que entrou em contato com a cliente para prestar orientações. Porém, a reportagem fez conta com a família, que afirma não ter recebido nenhum contato da Caixa até a noite dessa terça-feira (15).
“A CAIXA informa que a agência Alípio de Melo entrou em contato com a cliente nesta terça-feira (15/07), prestando os esclarecimentos necessários e se colocando à disposição. Em respeito ao sigilo bancário, as informações são passadas somente à cliente”.
INSS
Procurado, o INSS não enviou nota. E assim como fez no primeiro caso noticiado pela Itatiaia, na segunda-feira (14), por telefone, a assessoria argumentou que não faz sentido se manifestar sobre uma empresa com a qual o instituto não tem relação. Além disso,) não respondeu à reportagem sobre os descontos nos quais sumiram do extrato do INSS da idosa.