O antigo prédio da
Quem passa pelo local sente até tristeza: a diarista Denils Ribeiro contou que sempre se emociona ao ver a situação. “Dá uma tristeza, né? Porque tem tantas pessoas precisando de moradia e tá aí esse prédio abandonado. Por que eles não arrumam, né? E não dão lugar para pessoas morarem?”, questionou.
Ela pega ônibus perto do imóvel e relata a sensação de insegurança, principalmente no início da manhã. “Eu passo aqui por volta de 6h30. Nossa, aqui tá bem esquisito.”
A mesma impressão é compartilhada pelo moldureiro Aloísio Fernandes, que lembra do sobrinho formado na Escola de Engenharia. “Foi há mais ou menos uns 15 anos. E desde essa época eu já me lembro do prédio abandonado. É uma construção muito grande, muito boa para ser aproveitada. Acho que é um desperdício”, afirmou.
A Escola de Engenharia deixou esse prédio e foi para o campus da UFMG, na Pampulha, em 2010. Em 2011, um ano depois, o prédio foi cedido ao Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais, que previa instalar varas do trabalho no local. Mas, ao longo do período, o tribunal alegou problemas financeiros e, por isso, as varas não vieram para cá, e o prédio acabou abandonado.
“Essa instalação nunca aconteceu. O prédio ficou abandonado esse tempo todo. Hoje sofre com vandalismo e depredação, além de ser uma estrutura muito robusta no Centro da cidade sem uso, o que é muito ruim para Belo Horizonte”, disse André Prado, coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo do IBMEC.
“Caso fosse ocupado, revitalizaria a região com moradias. Veja que a gente tem um problema: a cidade de Belo Horizonte — como tantas outras — tem um déficit habitacional muito grande. Muitas pessoas não têm onde morar, vivem de favor ou pagam um aluguel excessivamente oneroso. Isso compõe o índice do déficit habitacional”, disse.
Segundo o especialista, por outro lado, há prédios desocupados no Centro, ao lado do metrô, do MOVE, da região hospitalar. “Quer dizer, se a gente combinasse direitinho, resolveríamos dois problemas da cidade. E é isso que se faz nas grandes cidades do mundo hoje: reintroduzir habitação, principalmente de menor tamanho, para famílias de baixa renda nas áreas centrai”, finalizou.