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Restaurante La Grepia pode voltar de maneira diferente em Belo Horizonte

Atividades foram encerradas em 2021, sob forte emoção de clientes que compraram parte da mobília

La Grepia marcou gerações na noite de BH

O La Grepia pode voltar de maneira diferente em Belo Horizonte, após funcionar por mais de 25 anos no Centro da capital mineira e marcar gerações, sendo ponto de encontro de estudantes, políticos e artistas, especialmente nas madrugadas, já que funcionava 24 horas por dia.

As atividades foram encerradas em 2021, sob forte emoção de clientes que compraram parte da mobília como lembrança. A família responsável pelo La Grepia é a mesma que comandou o restaurante Rancho Fundo, no bairro Estoril, lado Oeste da capital. Os espaços fecharam no mesmo ano por causa da pandemia de Covid-19.

Raí Paradela de Souza, 36 anos, é quem teve a ideia de retomar as massas tradicionais que fazem parte do paladar afetivo de muitos mineiros. Ele é filho da proprietária. A ideia é levar as massas do La Grepia a eventos privados de Belo Horizonte e região.

“O La Grepia fechou na pandemia. E eu acabei trabalhando lá um bom tempo, até para ajudar nesse momento delicado naquela situação”, disse o empreendedor, que lembra o que ocorreu no dia do fechamento.

“Me assustei com a reação do público. Tinha gente chorando, gente comprando quadro, cadeira, porque estavam tristes pela perda do La Grepia, que funcionou por quase 26 anos. E, realmente, o grande motivo do fechamento foi a pandemia. Aluguel caríssimo e muita despesa que foi se acumulando, porque, infelizmente, na pandemia não tinha como a gente conseguir manter as vendas da forma que era antes”, lamentou.

Raí diz que o projeto é voltar em outro formato, mas mantendo a qualidade das massas. “A gente tá com esse projeto para lançar as massas do La Grepia. Então, a gente tá trabalhando para entregar um produto de altíssima qualidade, para fazer jus à marca e à tradição do La Grepia”, disse Raí.

O novo modelo do La Grepia já está valendo. “É o início de um projeto. Pelo menos o sabor a gente vai entregar, para matar a saudade e, quem sabe futuramente, até uma possibilidade de ter algum modelo (físico) do La Grepia, porém diferente daquela forma que a gente trabalhava”, acrescentou.

Histórias

Mário Souza, 63 anos, pai de Raí, lembra de momentos marcantes do La Grepia. “Era o encontro da boemia na madrugada e tem muita história também. Conversando até com um senador, que foi candidato a prefeito de BH em uma época, ele falou que saía da escola de direito e ia para o La Grepia é o senador Rodrigo Pacheco (PSD)”, disse Mário, que é engenheiro e empresário.

Mário recorda que encontrou com vários artistas no La Grepia. “Em uma madrugada, encontrei com Baby Consuelo do Brasil. Sentamos na mesa e batemos muito papo. [Já encontrei] Renato Teixeira, Belchior, Zeca Baleiro... Ó, ih, mãe, uma infinidade de artistas. O La Grepia era muito diversificado, cabia todo mundo. Foi também Luan Santana, que entrou pelos fundos, porque muita gente”, disse.

Como o La Grepia nunca fechava, Mário conta uma situação curiosa que ocorreu quando a porta precisou ser trancada. “Era uma greve dos professores e uma turma enorme. A briga estava pegando na rua. Quando fomos tentar fechar a porta, ela estava emperrada... Passamos maior aperto”.

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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.