Após quase três anos, os carros-fortes deixados em ruas do bairro Santa Tereza, um dos mais tradicionais da região Leste de Belo Horizonte, começaram a ser retirados das vias públicas. A informação foi confirmada à Itatiaia nesta quarta-feira (30) pelo presidente da Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza (ACBST), Sérgio Mitre.
A reportagem da Itatiaia esteve na região na última quinta-feira (24) e contou oito veículos nas ruas Paraisópolis, Dores do Indaiá e Divinópolis. Sérgio Mitre explica que a empresa Fidelys Segurança Privada e Transporte de Valores, que faliu, guarda carros-fortes em estacionamentos da capital, e a retirada dos veículos parados nas ruas ocorre à medida que os veículos guardados são vendidos.
“A primeira movimentação nesse sentido aconteceu nesse fim de semana. Esperamos que na quinta-feira (feriado) e no próximo final de semana continuem com a operação”, disse Mitre. “É uma operação complexa, porque dentro dessas garagens há quinze, vinte e, às vezes, trinta carros-fortes. E aí, se um é negociado, é preciso tirar quinze carros, por exemplo, até achar o que tem destino, retirá-lo, depois voltar os outros quinze para a garagem”, completou.
Em razão dessa complexidade, Mitre diz que o processo é feito aos finais de semana. “É uma operação superdelicada. Esperamos que eles retirem da garagem os que já têm destinação, abram as vagas e, finalmente, retirem os carros das ruas de Santa Tereza. A gente não aguenta mais. Isso está causando muito transtorno para todos nós do bairro”, destaca o presidente da associação, que diz que a luta dos moradores ocorre desde o final de 2022.
A reportagem conversou com moradores que convivem com o problema na rua Dores do Indaiá. “Atrapalha de várias formas. Moradores em situação de rua usam os carros como depósito de lixo. Vários também já tiveram peças furtadas”, disse Márcio de Ávila Rodrigues, 70 anos, funcionário público aposentado que mora no bairro desde criança.
Opinião semelhante tem o taxista Edmar Afonso Pereira de Novais, 65 anos. “Atrapalha, porque, além de tomar as vagas dos carros particulares, eles servem de esconderijo para pessoas que querem fazer o mal para moradores”.
Fidelys
A reportagem foi à sede da empresa, que fica na rua Divinópolis, mas não encontrou nenhum representante para falar sobre o assunto. O vigia do imóvel informou que não tinha autorização para passar o contato, mas se comprometeu a informar o número da reportagem para a advogada. Além dessa tentativa, a Itatiaia ligou e enviou mensagens para a representante da empresa, mas não teve retorno até agora. O espaço segue aberto.
Leilão
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informa que a empresa proprietária dos carros-fortes estacionados em Santa Tereza faliu. “Nesse caso, os veículos fazem parte de massa falida, com questões trabalhistas envolvidas. Dessa forma, eles não podem ser recolhidos pela PBH”, destaca o texto.
