Ouvindo...

Vapor Benjamim Guimarães retorna ao Rio São Francisco após reforma

Embarcação histórica volta a navegar no dia 3 de maio após dez anos parada e reforma de cinco anos, com investimento de R$ 5,8 milhões

O vapor Benjamim Guimarães foi construído em 1913, pelo estaleiro norte-americano James Rees & Sons e navegou alguns anos no Rio Amazonas sendo transferido para o Rio São Francisco a partir de 1920

A tradicional embarcação a vapor Benjamim Guimarães está prestes a retornar às águas do Rio São Francisco após dez anos de inatividade. O retorno, inicialmente previsto para hoje, foi adiado para o próximo dia 3 de maio devido à baixa vazão do rio.

O vapor, um dos patrimônios históricos de Minas Gerais, passou por uma extensa reforma que durou cinco anos. O investimento total foi de R$ 5,8 milhões, custeado pelo Ministério de Minas e Energia através da Eletrobras. A obra de restauro, conduzida por uma equipe da indústria naval catarinense, incluiu diversas melhorias e modernizações.

Histórico vapor Benjamim Guimarães passa por vistoria na restauração

Modernização e preservação histórica

Entre as principais intervenções estão a pintura, a reforma da roda-poupa e a instalação de equipamentos modernos como sonar e radar, que não existiam no projeto original. Além disso, uma nova caldeira foi instalada, permitindo que a embarcação alcance até 12 km/h utilizando lenha de eucalipto como combustível.

Valtemir Pereira Vargas, piloto do Benjamin Guimarães, destaca uma das novidades: ''Com a nova caldeira, o tempo para que o vapor esteja em condições de navegar caiu de 2 horas para 20 minutos’’. Vargas, com 19 anos de experiência em navegação, expressa sua emoção: ‘Para nós, fluviários e barranqueiros, e não só para Pirapora, mas para o Brasil e o mundo que conhece o Benjamin, é uma grande honra para todos nós’’.

Leia também

Um símbolo da história fluvial brasileira

Tombado desde 1985 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, o Benjamin Guimarães tem quase 44 metros de comprimento, 8 de largura e pesa 243 toneladas, com capacidade para 140 passageiros. Construído em 1913 nos Estados Unidos, o vapor navegou pelo rio Amazonas antes de ser transferido em 1920 para o São Francisco, onde transportava passageiros e cargas entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA).

A embarcação é a única em atividade movida pelo sistema original de lenha, caldeira e roda-poupa, remanescente dos mais de 40 vapores que navegavam pelo Rio São Francisco no século XX. Sua inauguração oficial está marcada para 1º de junho, como parte das comemorações dos 113 anos de Pirapora.

O ex-prefeito de Pirapora, Leônidas Gregório de Almeida, ressalta a importância emocional do vapor para a população local: ''Muita gente ainda chora, porque quase todos nós viemos da Bahia pra cá de barco. Isso faz com que o povo chore, mas em breve ele irá voltar, se Deus quiser’’.

Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.