O tradicional bacalhau da Semana Santa continua sendo uma prioridade para os brasileiros, mesmo com o aumento significativo no preço do pescado importado. O quilo do bacalhau saithe, por exemplo, subiu de R$ 73,50 para R$ 85,00, representando um aumento de quase 16% em relação ao ano anterior.
A alta do dólar é apontada como principal fator para o encarecimento do produto. Além do bacalhau, outros ingredientes essenciais para as receitas típicas do período também pesam no orçamento das famílias. O economista Feliciano Abreu, coordenador do site Mercado Mineiro e do aplicativo ComOferta, destaca que o azeite extra virgem de 500 ml está custando entre R$ 50 e R$ 70, dependendo da marca.
Consumidores adaptam-se à nova realidade
Apesar do aumento nos preços, os consumidores não abrem mão da tradição. Geraldo Henrique Campos, proprietário da loja Ananda no Mercado Central, que vende bacalhau há quase 80 anos, afirma que a procura continua intensa. “Tem estoque para todo lado. Alguns reclamam que está caro, mas tem bacalhau para todo mundo”, comenta.
Eduardo Campos, outro comerciante, observa que o aquecimento das vendas ainda está por vir, mas os clientes já estão pesquisando e comparando preços. Uma das sócias da banca Santo Antônio relata que as compras antecipadas já começaram: “Há mais ou menos 12 dias, iniciou-se a compra antecipada de 90% do nosso público”.
Paulo Faria, diretor de desenvolvimento e inovação da aquicultura do Ministério da Pesca e Aquicultura, ressalta que o período da Semana Santa é crucial para o setor: "É um período onde os supermercados compram mais pescado para comercialização, as indústrias beneficiam mais pescado e o produtor prepara a sua produção para essa época”.
Alternativas para manter a tradição
Para driblar os preços mais altos, os consumidores estão adotando estratégias criativas: Alguns optam por colocar mais batata e cebola na bacalhoada, enquanto outros buscam equilíbrio na alimentação, alternando entre peixes, ovos e verduras durante o período da Quaresma.
Almira Gonçalves, auxiliar de serviços gerais, que está fazendo jejum de carne vermelha desde janeiro, conta como lida com a situação: “Está muito caro, o peixe está caro, os ovos estão caros, mas a gente coloca uma verdura e vai ajudando, como uma saladinha”.