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Cinco anos da pandemia de Covid-19: os impactos na Educação

Confira o segundo episódio da série especial “Coronavírus — o que aprendemos?”

Imagem ilustrativa | Reprodução

Há exatos cinco anos, em 11 de março de 2020, a Covid-19 — cuja pandemia havia sido decretada pela OMS no dia anterior — já estava em 114 países, tinha infectado mais de 118 mil pessoas e matado mais de 4 mil. O mundo inteiro entrava em quarentena e distanciamento social. E escolas fechavam as portas.

Em BH, 200 mil estudantes ficaram sem aulas a partir do início de março até o início das atividades à distância. Segundo a ex-secretária de Educação em BH, Ângela Dalben, o momento era muito complexo, e as primeiras preocupações foram: merenda escolar para os alunos, ainda que não eles estivessem nas escolas, e a implementação do ensino à distância. “Não existia a alternativa das aulas presenciais: os números de casos eram altíssimos, havia filas nos postos e hospitais. Aulas presenciais exigiam reformas, como fizemos em Belo Horizionte”, explica.

Nem todos concordavam com a suspensão das aulas. O movimento Pais pela Educação, na época, tentou evitar o fechamento das portas das instituições de ensino. Rodrigo Marçal, um dos que lideraram o movimento, ainda acredita que, consideradas as experiências de outros países, a postura da administração pública foi muito radical. “O custo disso, segundo as pesquisas, é de mais de uma década de atraso. Outros países seguiam protocolos de segurança, mas tinham aula, enquanto nossa cidade foi a campeã em falta de aulas”, afirma.

Atualmente, o ex-secretário de saúde da capital, Jackson Machado, que comandava a pasta durante a pandemia, admite que algumas atitudes tomadas em um cenário de desconhecimento poderiam ter sido evitadas. “Algumas decisões nós tomamos porque não conhecíamos o vírus suficientemente”, explica. “Não isolaria as praças, por exemplo, a gente não sabia que era necessário o contato por pelo menos 15 minutos para se infectar”, diz. “Hoje eu talvez não fechasse as escolas precocemente, como sugeri que fechássemos, apesar de sabermos que crianças também morreram de Covid”, afirma. Mas completa: “Não me arrependo me nenhuma decisão que tomei com o comitê naquela época”

O professor emérito da Faculdade de Educação da UFMG Eduardo Mortimer afirma que o impacto das restrições às aulas na pandemia continua a ser sentido no ensino brasileiro, especialmente, pelos alunos de baixa renda. “Em 2020, 5,7 milhões de pessoas fizeram o Enem. Em 2021, foram 4 milhões. E 2022, 3,4 milhões. Só em 2023 começou a recuperar. Hoje, estamos no nível de 2010. Algumas pesquisas indicavam atraso de uma década na educação, e creio que chega mesmo perto disso, sendo que os impactos não foram sentidos igualmente; os brasileiros mais pobres sentiram muito mais”, afirma.

No próximo episódio da série especial “Coronavírus 5 anos - o que aprendemos?”, confira os impactos da pandemia na Economia.

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Jornalista graduado pela PUC Minas; atua como apresentador, repórter e produtor na Rádio Itatiaia em Belo Horizonte desde 2019; repórter setorista da Câmara Municipal de Belo Horizonte.
Jornalista graduada pelo UNIBH. Na Itatiaia desde 2012, já atuou como repórter de cidades e foi setorista de Trânsito. Atualmente ocupa a função de Supervisora de Produção