O Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, registra uma mudança significativa no perfil das vítimas de acidentes com motos. Agora, as mulheres passam a liderar o ranking desses incidentes, tanto como condutoras quanto como passageiras.
Desde o início do ano, a unidade hospitalar já atendeu mais de 700 casos relacionados a acidentes motociclísticos, com uma média alarmante de quase 17 ocorrências por dia. Muitos desses casos resultam em amputações e quadros de saúde grave.
Marina Mourão, cirurgiã vascular do pronto-socorro, destaca o aumento de mulheres vítimas de acidentes de moto nos últimos anos. “Percebemos o aumento de mulheres vítimas de acidentes de moto, tanto mulheres que pilotam como mulheres que estão nas garupas. Muitos acidentes são pessoas indo para o trabalho”, explica.
Leia também: Vídeo: imagens registram exato momento do acidente entre carreta e moto no Anel Rodoviário, em BH
Gravidade dos acidentes e impacto na vida das vítimas
Os acidentes que chegam ao Hospital João XXIII frequentemente envolvem traumatismo craniano, fraturas expostas e lesões vasculares. A média ressalta que “são traumas graves e quando os pacientes sobrevivem demandam um tempo longo de reabilitação”.
Um dado preocupante é a recorrência de acidentes: muitos pacientes atendidos já sofreram outros acidentes de moto anteriormente, sugerindo que a experiência não parece intimidar os motociclistas.
O impacto desses acidentes vai além da saúde física. Muitas vítimas, majoritariamente jovens e ativas, enfrentam sequelas que podem ser irreversíveis, comprometendo sua capacidade de retornar ao mercado de trabalho e afetando suas escolhas profissionais.
Busca por soluções e prevenção
Ronaro Ferreira, especialista em trânsito e membro do Observatório Nacional de Segurança Viária, defende uma abordagem multifacetada para melhorar a segurança no trânsito. Isso inclui aprimoramentos nas motos, vias, fiscalização e regulamentação.
Ferreira enfatiza a responsabilidade das empresas de aplicativos de transporte: "É fundamental que as empresas de aplicativos priorizem a segurança e não o lucro”.
A reportagem da Itatiaia flagrou diversos casos de imprudência nas ruas de Belo Horizonte, incluindo motociclistas em alta velocidade nos corredores, ultrapassagens perigosas e uso de celular por passageiros, evidenciando a necessidade urgente de conscientização e medidas preventivas.