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Médico teria abusado de ao menos 10 mulheres em Itabira: ‘acreditava na impunidade’, diz delegado

O médico mastologista Danilo Costa, de 46 anos, foi preso na terça-feira (4); ele é investigado por cometer crimes sexuais contra pacientes e colegas de trabalho

Todos os abusos sexuais foram cometidos dentro do hospital, segundo a polícia

A Polícia Civil de Minas Gerais revelou que 10 mulheres já foram até a delegacia do estado denunciar o médico mastologista Danilo Costa, de 46 anos, suspeito de abusar sexualmente de pacientes e funcionárias de um hospital em Itabira, na região Central de Minas.

A última denúncia foi recebida nesta sexta-feira (7). De acordo com o delegado João Martins Teixeira, responsável pela investigação, todas as vítimas têm entre 35 e 52 anos e sofreram os abusos dentro da unidade hospitalar.

“Uma das vítimas alega ter sido estuprada, outras relatam falas e toques inapropriados durante o atendimento e algumas que foram agarradas nos corredores, escadas e consultório. Todas as condutas aconteciam no exercício da profissão e dentro do hospital”, afirma o delegado.
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Abusos aconteciam ao menos desde 2015

Teixeira diz que os abusos acontecem, pelo menos, desde 2015. Das 10 mulheres que já compareceram à delegacia, cinco eram pacientes de Danilo e cinco eram funcionárias do hospital em que ele prestava serviço.

Em relação às colegas de trabalho, a polícia afirma que os crimes sexuais aconteciam sempre que o hospital estava vazio, às escondidas e sem nenhuma testemunha presente.

Já entre as pacientes, algumas sequer perceberam que haviam sido vítimas de um abuso durante a consulta. Elas só entenderam o que havia acontecido após irem em outro médico e descobrirem que aquele procedimento não era normal.

“Algumas pacientes chegaram até nós muito fragilizadas. Algumas fazendo até acompanhamento oncológico. A característica que a gente percebeu entre as vítimas é a fragilidade e vulnerabilidade extrema. [Muitas demoraram a denunciar] por medo da exposição, temor de serem descredibilizadas, além do medo de perder o emprego no hospital”, explica Teixeira.

‘Acreditava na impunidade’

O delegado afirma que Danilo não ameaçava as vítimas para evitar que elas o denunciasse. A atitude, segundo ele, revela que o médico acreditava que não seria punido pelos crimes. “Ele acreditava que a impunidade viria através do status e que isso nunca chegaria ao conhecimento das autoridades”, diz.

Segundo Teixeira, a polícia tentou ouvir Danilo duas vezes: uma antes e outra depois dele ser preso. No entanto, o mastologista permaneceu em silêncio em ambas as oportunidades.

O inquérito que investiga as condutas criminosas do médico será encerrado até a próxima quarta-feira (12). O delegado afirma que a PC ainda não tipificou os crimes pelos quais Danilo será indiciado. Mas é possível dizer que serão crimes sexuais, como estupro, assédio e importunação sexual.

A polícia também apreendeu dois celulares do suspeito, que estão sendo periciados. Teixeira destaca também a importância de que as vítimas que ainda não denunciaram o médico compareçam a uma delegacia mais próxima.

“A intenção da policia é deixar as mulheres cada vez mais a vontade para procurar a delegacia e relatar qualquer violência sofrida em relação a esse caso”, ressalta.


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Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.
Cursou jornalismo no Unileste - Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais. Em 2009, começou a estagiar na Rádio Itatiaia do Vale do Aço, fazendo a cobertura de cidades. Em 2012 se mudou para a Itatiaia Belo Horizonte. Na rádio de Minas, faz parte do time de cobertura policial - sua grande paixão - e integra a equipe do programa ‘Observatório Feminino’.